A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um novo medicamento para o tratamento de infecções pelo vírus HIV.
O Dovato® é uma combinação de duas substâncias em um comprimido de dose única e representa um avanço para quem vive com o vírus que causa a aids.
Vale destacar que, de acordo com dados do Ministério da Saúde, aproximadamente 936 mil pessoas vivem com HIV no Brasil.
Compreenda melhor o que é o HIV e a aids e saiba como funciona esse novo medicamento liberado para uso no Brasil.
O que é o HIV?
O HIV (Human Immunodeficiency Virus) é o vírus que provoca a imunodeficiência humana.
Isso significa que quando o vírus HIV infecta uma pessoa, ele pode se multiplicar, atacando o sistema imunológico e deixando o organismo sem defesa contra outras infecções.
Vale frisar que, à medida que a infecção pelo HIV avança, o sistema imunológico vai enfraquecendo até não conseguir mais combater outros agentes infecciosos.
O que é a aids?
A aids (acquired immune deficiency syndrome) é a síndrome da deficiência imunológica adquirida.
Conforme o vírus HIV gradualmente incapacita o sistema imunológico da pessoa, ela vai ficando suscetível ao desenvolvimento de outras enfermidades, conhecidas como doenças oportunistas.
Por conseguinte, é nesse contexto que a pessoa desenvolve a aids.
Qual a diferença entre HIV e aids?
Em suma, o HIV é um retrovírus que ataca o sistema imunológico da pessoa, interferindo na capacidade do organismo de combater infecções.
Do ponto de vista científico, ele invade e destrói as células de defesa conhecidas como T-CD4, responsáveis por organizar a resposta imunológica.
Já a aids é uma doença oportunista que se desenvolve através da infecção pelo vírus HIV e provoca no ser humano a síndrome da deficiência imunológica.
Portanto, ser portador do HIV não é a mesma coisa que ter aids!
Nesse sentido, existem pessoas soropositivas que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Contudo, ainda assim elas podem transmitir o vírus a outras pessoas.
Como ocorre o contágio do vírus HIV?
Basicamente, o contágio acontece por meio do contato direto com o vírus presente em material contaminado como:
- mucosas (genital, anal, nasal, oral, ocular);
- material pérfuro-cortante.
Assim sendo, é possível se contaminar das seguintes maneiras:
- fazendo sexo vaginal, anal ou oral sem camisinha;
- pelo compartilhamento de seringas contaminadas;
- via transfusão de sangue contaminado;
- da mãe infectada, sem tratamento, para o filho durante a gravidez, no parto e na amamentação;
- por instrumentos não esterilizados que furam ou cortam.
Por fim, tão importante quanto saber as formas de contágio, também é essencial destacar como não se pega a aids:
- sexo desde que se use corretamente a camisinha;
- masturbação a dois;
- beijo no rosto ou na boca;
- suor e lágrima;
- picada de inseto;
- aperto de mão ou abraço;
- sabonete/toalha/lençóis;
- talheres/copos;
- assento de ônibus;
- piscina;
- banheiro;
- doação de sangue;
- pelo ar.
Como é feito o tratamento contra a aids?
Infelizmente, até o momento, a aids é uma doença grave que ainda não tem uma cura definitiva.
Entretanto, existem tratamentos que conseguem diminuir muito a carga viral e prolongar a vida do soropositivo, melhorando a qualidade de vida da pessoa.
Isto posto, o tratamento da aids é feito com “coquetéis” de antirretrovirais.
Vale salientar, que os pacientes que aderem corretamente ao tratamento melhoram sua qualidade de vida e conseguem administrar a doença para manter uma vida relativamente comum.
Também pode te interessar:
Dezembro Vermelho: pelo combate à aids e outras doenças sexualmente transmissíveis
Truvada® (Emtricitabina + Fumarato de Tenofovir Desoproxila): tratamento de HIV pelo plano de saúde
Triumeq® (dolutegravir + abacavir + lamivudine) pelo plano de saúde
O que é o Dovato®? Para que é indicado?
O Dovato® é um medicamento de regime completo composto por duas medicações (Dolutegravir 50 mg e Lamivudina 300 mg) em dose única diária, ou seja, em um único comprimido.
É indicado para o tratamento de HIV em adultos e adolescentes acima de 12 anos de idade, com peso mínimo de 40 kg.
Quem criou o Dovato®?
O remédio foi desenvolvido pela companhia ViiV Healthcare que faz parte da farmacêutica britânica GSK.
Por que a Anvisa aprovou o uso deste medicamento?
A aprovação do Dovato® é apoiada pelos estudos globais de referência GEMINI 1 e 2, que incluíram mais de 1.400 adultos vivendo com HIV, e pelos resultados do estudo TANGO, apresentados na Conferência Internacional da Sociedade de Aids sobre Ciência do HIV 2021 (IAS 2021).
Segundo a Anvisa, “a aprovação representa um avanço no tratamento das pessoas portadoras do vírus que causa a aids, já que reúne em uma dose diária dois antirretrovirais que não estavam disponíveis em um só comprimido”.
Qual a vantagem do Dovato®? No que ele se diferencia dos outros medicamentos?
A principal vantagem do Dovato®, sem dúvidas, é que ele simplifica o tratamento e a adesão dos pacientes.
De acordo com o fabricante, o Dovato® reduz a quantidade de antirretrovirais usados pelos pacientes por possuir apenas duas medicações, enquanto ainda mantém a eficácia e a alta barreira à resistência de regimes tradicionais com mais medicamentos.
Nessa linha, o Dr. Rafael Maciel, gerente médico da GSK/ViiV Healthcare, explica: “hoje, muitos tratamentos para o HIV de um único comprimido têm pelo menos 3 medicamentos diferentes combinados. Já o Dovato® fornece resultados expressivos com apenas dois medicamentos em um comprimido. Isso significa manutenção da eficácia, com menor utilização de medicamentos e menor potencial de toxicidade”.
Como o Dovato® funciona?
Antes de mais nada, é relevante acrescentar que o Dovato® não cura a infecção pelo HIV.
Dessa forma, a função desse medicamento é reduzir a quantidade de HIV no organismo, mantendo-a em um nível baixo.
Para isso, a medicação em questão contém duas substâncias ativas que são usadas no tratamento da infecção pelo HIV. São elas:
- dolutegravir – pertence ao grupo de medicamentos antirretrovirais chamados inibidores de integrase (INs);
- lamivudina – pertence a um grupo de medicamentos antirretrovirais denominado inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRNs).
Vale acentuar, que metade das pessoas que vivem com HIV e fazem uso de terapia antirretroviral utilizam Dolutegravir em seus tratamentos.
Além do mais, o Dolutegravir 50mg foi introduzido no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2016 e, atualmente, é distribuído a mais de 400 mil pacientes, o que representa cerca de metade das pessoas em tratamento contra o HIV.
Por fim, o Dovato® promove aumento na contagem das células CD4, que nada mais são que um tipo de glóbulo branco do sangue que exerce papel importante na manutenção de um sistema imune saudável, ajudando a combater as infecções.
Quais são os efeitos colaterais mais comuns que o Dovato® pode causar?
Como todo medicamento, o Dovato® pode provocar efeitos indesejáveis.
Veja a seguir quais são as reações adversas mais comuns identificadas em estudos clínicos realizados com Dovato®.
Reações muito comuns
São aquelas que ocorrem em mais de 10% dos pacientes que utilizam esse medicamento. Entre elas:
- dor de cabeça;
- diarreia;
- sensação de enjoo (náusea).
Reações comuns
São as que ocorrem entre 1% e 10% dos pacientes que utilizam este medicamento, entre elas:
- pensamentos suicidas (especialmente em pacientes com um histórico pré-existente de depressão ou doença psiquiátrica);
- depressão (sensação de tristeza profunda e baixa autoestima);
- ansiedade;
- dificuldade de dormir (insônia) e sonhos anormais;
- tontura e vômito;
- gases (flatulência), dor ou desconforto abdominal;
- erupção cutânea, coceira (prurido);
- falta de energia (fadiga);
- dor de cabeça;
- enjoo;
- diarreia;
- sensação geral de desconforto (mal-estar);
- febre.
Lembrando que ao sinal de qualquer reação adversa a este ou outro medicamento, é necessário procurar um médico.
Outro ponto importante de frisar e ressaltar é que a terapia com Dovato® deve ser iniciada sempre por um médico com experiência no tratamento da infecção por HIV.
Nesse sentido, a empresa fabricante destaca que é o médico o responsável por monitorar a eficácia do seu tratamento, uma vez que nem todo paciente responde ao tratamento da mesma forma.
Imagem em destaque: Freepik (jcomp)