O trabalho é uma atividade que pode ocupar grande parte do tempo de um indivíduo, limitando, inclusive, o seu pleno convívio em sociedade, a depender da situação.
Todavia, nem sempre as atividades laborais trazem realização profissional e, em alguns casos, pode até causar um efeito contrário, trazendo problemas que vão desde a insatisfação até a exaustão.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os problemas relacionados à saúde mental no trabalho diminuem a produtividade, resultando na perda anual de US$ 1 trilhão no mundo.
Já no Brasil, segundo a International Stress Management Association (ISMA-BR), 32% dos profissionais do país sofrem com o esgotamento no ambiente de trabalho, valor que é superior a 1/3 do total de trabalhadores brasileiros.
Compreenda a seguir que é a Síndrome de Burnout e descubra quais são as profissões mais afetadas por esta doença.
O que é a Síndrome de Burnout?
A Síndrome de Burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico descrito em 1974 pelo psicanalista nova-iorquino Herbert J. Freudenberger, após constatá-la em si mesmo no início dos anos 1970.
O termo “Burnout”, de origem inglesa, é utilizado para se referir a algo que deixou de funcionar por exaustão de energia.
Já no campo da medicina, o termo descreve uma síndrome com características associadas que representam uma resposta aos estressores laborais crônicos.
Em outras palavras, a Síndrome de Burnout é um distúrbio psíquico caracterizado pelo estado de tensão emocional e estresse provocados por condições de trabalho desgastantes.
Contudo, não existe uma definição única sobre o que seja o Burnout, porém, é unânime entre elas que o transtorno constitui uma resposta ao estresse laboral crônico.
Vale lembrar, que com o mercado de trabalho cada vez mais competitivo e o alto índice de demissões no país, os profissionais sentem uma cobrança diária por melhores qualificações e bons resultados.
Nesse sentido, por se sentirem pressionados, esses trabalhadores acabam por assumir altas cargas de trabalho para superar as expectativas das empresas, o que pode gerar um transtorno mental, como a Síndrome de Burnout.
É importante salientar que os transtornos gerados no ambiente de trabalho podem levar os acometidos a um colapso ou, ainda, a uma depressão severa.
Quais são os três elementos centrais que compõem a Síndrome de Burnout?
Alguns estudos apontam que a Síndrome de Esgotamento Profissional é composta por três elementos centrais. São eles:
- exaustão emocional – desgaste emocional e esvaziamento afetivo;
- despersonalização – reação negativa, insensibilidade ou afastamento excessivo do público que deveria receber os serviços ou os cuidados do paciente;
- ausência de realização profissional – diminuição do envolvimento pessoal no trabalho (sentimento de diminuição de competência e de sucesso no trabalho).
Qual o CID da Síndrome Burnout?
A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) é uma ferramenta que organiza informações sobre doenças, sinais, sintomas, achados anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas.
Criada em 1893, o documento agrupa uma série de doenças e de situações em que há necessidade de atendimento clínico. Adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1948, é utilizado por profissionais de mais de 150 países, incluindo o Brasil.
A Síndrome de Burnout está inserida no capítulo XXI da categoria que se refere aos problemas relacionados com a organização de seu modo de vida (Z73), descrita na CID 10, pelo código Z73.0 (Esgotamento).
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Quais são os sintomas da Síndrome de Burnout?
A instalação da Síndrome de Burnout no estado mental do indivíduo ocorre de maneira lenta e gradual, acometendo-o progressivamente.
Contudo, existem diversos sintomas que podem auxiliar a identificar a Síndrome de Burnout.
De acordo com um artigo da Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, estes podem ser separados basicamente em quatro grandes grupos. Confira a seguir.
Sintomas físicos
- Fadiga constante e progressiva;
- Dores musculares ou osteomusculares;
- Distúrbios do sono e do sistema respiratório;
- Cefaleias/enxaquecas;
- Perturbações gastrointestinais;
- Imunodeficiência;
- Transtornos cardiovasculares;
- Disfunções sexuais e alterações menstruais em mulheres.
Sintomas psíquicos
- Falta de atenção/concentração;
- Alterações da memória;
- Lentificação do pensamento;
- Sentimento de alienação, de solidão e de impotência;
- Impaciência;
- Labilidade emocional(também conhecida como instabilidade emocional);
- Dificuldade de autoaceitação/baixa autoestima;
- Astenia/desânimo/disforia/depressão;
- desconfiança/paranoia.
Sintomas comportamentais
- Negligência/escrúpulo excessivo;
- Irritabilidade;
- Incremento da agressividade;
- Incapacidade para relaxar;
- Dificuldade na aceitação de mudanças;
- Perda de iniciativa;
- Aumento do consumo de substâncias e de comportamentos de alto risco;
- Tendências suicidas.
Sintomas defensivos
- Tendência ao isolamento;
- Sentimento de onipotência;
- Perda do interesse pelo trabalho ou até pelo lazer;
- Absenteísmo;
- Ímpetos de abandono do trabalho;
- Ironia/cinismo.
É importante notar que os efeitos da Síndrome de Burnout podem interferir nas mais diversas esferas da vida do indivíduo, trazendo-lhe prejuízos pessoais e profissionais.
Quais são as profissões mais afetadas pela Síndrome de Burnout?
Em um contexto geral, a Síndrome de Burnout acomete profissionais que mantêm uma relação direta e constante com outras pessoas. Dentre eles:
- professores;
- médicos;
- enfermeiros;
- psicólogos;
- assistentes sociais;
- policiais;
- seguranças;
- atendentes;
- bombeiros.
Ademais, é importante notar que o estresse ocupacional também pode trazer consequências às instituições, uma vez que este se reflete na produtividade, na imagem de eficiência da organização, nos custos com o tratamento de saúde dos funcionários, na contratação e no treinamento de novos profissionais.
Como tratar a Síndrome de Burnout?
Em suma, o tratamento requer que o indivíduo faça terapia e acompanhamentos com um médico de forma constante, sejam eles o psiquiatra ou o psicólogo.
A ideia é identificar a causa geradora principal da síndrome e, dessa forma, desenvolver mecanismos para combatê-la.
Além disso, pode ser feito também por meio de medicamentos para tratar os sintomas, como antidepressivos e ansiolíticos.
Não obstante, é recomendada a prática de atividade física regular e exercícios de relaxamento para colaborar no controle dos sintomas como, por exemplo, natação e meditação.
Por fim, não existe um período determinado para o tratamento, tendo em vista que isso depende de diversos fatores que vão desde a resposta social, psíquica, física e comportamental que o paciente apresenta, até às possibilidades reais e viáveis que o mesmo tende para modificar suas condições de trabalho e seu estilo de vida.
Como prevenir a Síndrome de Burnout?
Existem diversas estratégias que podem ser implementadas para prevenir o transtorno e cuidar da saúde mental. A principal é tentar aliar o alto desempenho no trabalho à qualidade de vida.
Veja abaixo 10 dicas para prevenir a Síndrome de Burnout:
- administre seu tempo e seus recursos;
- crie uma rotina entre as responsabilidades e o lazer;
- arranje tempo para se divertir, ter emoção, estar com a família e amigos;
- pratique atividade física regularmente;
- não consuma álcool ou outras drogas para afastar crises como a ansiedade e a depressão;
- cuide da sua alimentação;
- encontre atividades para relaxar, sempre que possível;
- escute a opinião de seus familiares, amigos e colegas. De acordo com o Dr. Drauzio Varella, quem sofre desta síndrome muitas vezes não percebe;
- procure sempre avaliar se as condições de trabalho a que está submetido não estão prejudicando sua saúde física e mental;
- caso precise, não hesite em procurar a ajuda de um profissional.
Enfim, a Síndrome de Burnout é considerada um sério processo de deterioração da qualidade de vida do trabalhador, tendo em vista suas graves implicações para a saúde física e mental.
Portanto, deve ser considerada como uma questão de saúde pública de grande importância, tendo em vista que no mundo contemporâneo, é um agravo ocupacional de caráter psicossocial que acomete trabalhadores em todo mundo.
Imagens do texto: Freepik (macrovector)