Índice
No dia 08 de janeiro deste ano, a empresária e rapper Heather Morgan (também conhecida como Razzlekhan) e seu marido, Ilya Lichtenstein, foram acusados de participar de uma operação criminosa que levou US$ 4,5 bilhões em bitcoins.
Segundo a investigação, o casal participou do esquema de lavagem de criptomoedas e, após a prisão de Morgan e Lichtenstein pelo FBI, o Governo americano americano recuperou U$ 3,6 bilhões em bitcoins. O caso é a maior apreensão financeira da história.
Entenda o caso e a prisão do “criptocasal” de Nova York.
Quem são Heather Morgan e Ilya Lichtenstein?
De acordo com ela mesma, Heather Morgan é uma empreendedora serial, investidora e rapper surrealista.
Com o passar dos anos, ela escreveu colunas regularmente para a revista Forbes e, inclusive, em junho de 2020, ela publicou uma matéria intitulada “Dicas de especialista para proteger seus negócios dos cibercriminosos”, orientando investidores sobre golpes digitais.
Segundo sua biografia na Forbes, “quando não está fazendo engenharia reversa no mercado negro para pensar maneiras melhores de combater fraudes e crimes cibernéticos, ela gosta de fazer rap e desenhar moda streetwear”.
Além disso, Morgan alega ter uma “mentalidade de hacker” e diz que “seguir regras cegamente é para os tolos”.
A forte personalidade de Heather fez de Ilya “Dutch” Lichtenstein, um investidor em tecnologia russo, seu fã dedicado.
Segundo uma publicação compartilhada pelo investidor em sua conta do Facebook, Heather era uma pessoa “surreal, misteriosa, assustadora e sexy… horripilante o suficiente para chamar a atenção e atraente o suficiente para que você não consiga desviar o olhar”.
Em 2019, Lichtenstein fez sua proposta de casamento a Morgan, comprando vários outdoors na Times Square, em Nova York, que foram usados para divulgar o trabalho de Morgan como Razzlekhan, seu alter ego.
Lichtenstein conhece e trabalha com criptomoedas e, em 2018, fundou uma empresa chamada EndPass, descrita como “uma startup de blockchain que resolve problemas de identidade e autenticação descentralizada”.
Além disso, segundo seu perfil no LinkedIn, o investidor atual recentemente como diretor da Demandpath, uma empresa de investimento.
O caso Bitfinex: como os bitcoins foram roubados?
A invasão ao sistema da Bitfinex aconteceu no dia 2 de agosto de 2016, quando cibercriminosos conseguiram explorar uma violação de segurança e hackear a empresa.
No ataque, os ladrões, que permanecem não identificados, levaram 19.754 bitcoins, quantia que correspondia a quase 1% da criptomoeda em circulação na época. Quando o golpe foi executado, os bitcoins roubados valiam US$ 71 milhões. Atualmente, com a valorização da moeda, o valor saltou para mais de US$ 4,5 bilhões (R$ 23,6 bilhões).
Também pode te interessar:
Bitcoin: descubra como funciona
Tesouro Direto: o que é e como investir
Vazamento de dados do CPF: o que fazer?
Prisão do casal
Quase seis anos após o golpe emblemático contra a Bitnifex, o casal, que documentava seu luxuoso dia a dia nas redes sociais, foi vinculado ao crime, sendo acusado de lavagem de dinheiro.
De acordo com o Departamento de Justiça, Lichtenstein e Morgan teriam convertido cerca de US$ 2,9 milhões (R$ 15,2 milhões) de bitcoins em moeda fiduciária.
Além disso, as denúncias de lavagem de dinheiro incluem compras pequenas, incluindo um vale-presente de US$ 500 (R$ 2.620) do Walmart, cartões-presente de Uber, Hotels.com e PlayStation.
Porém, as autoridades acreditam que mais de 80% dos bitcoins roubados permanecem intocados em contas associadas ao casal.
O julgamento
Desde o começo do caso, a defesa do casal afirma que as acusações são fracas e que a promotoria não apresentou argumentos consistentes. No entanto, diante da gravidade do caso, Heather e Ilya seguem sendo pressionados.
O advogado do casal logo apresentou documentos pedindo fiança, alegando que eles não apresentavam risco de fuga por uma série de razões:
- Morgan está se recuperando de uma cirurgia;
- os pais o casal colocaram suas casas como garantia da fiança;
- Morgan e Lichtenstein teriam embriões congelados em um hospital de Nova York e, segundo o advogado, “o casal nunca fugiria do país sob o risco de perder o acesso à sua capacidade de ter filhos, o que eles estavam planejando este ano até que suas vidas foram interrompidas por suas prisões”.
Ademais, a defesa argumentou que Morgan era muito menos suscetível a fugir pois não teria acesso a esse dinheiro. Com isso, o processo ganhou uma nova etapa, garantindo a liberdade de Heather após o pagamento de uma fiança de US$ 3 milhões (R$ 15 milhões).
Contudo, embora tenha sido liberada da cadeia, Morgan segue em prisão domiciliar e utiliza uma tornozeleira eletrônica para monitoração, além de ter restrições de uso do computador e ter sido proibida de realizar transações com bitcoins.
Já Lichtenstein continua preso e a Justiça não permitiu sua liberação nem mesmo sob o pagamento de fiança.
Isso porque, para a promotoria, as evidências apontam que o investidor era quem administrava os fundos e, com a sua soltura, ele poderia usar os bitcoins que não foram apreendidos para fugir.
Imagem em destaque: Freepik (freepik)