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Justiça garante devolução de valores em caso de atraso na entrega de imóvel

Direito Imobiliário e Leilões
Consumidor obtendo rescisão de contrato de imóvel por atraso na entrega, com devolução de valores pagos e proteção legal.
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Redação

Publicado: novembro 6, 2025 Atualizado: novembro 7, 2025
Tempo estimado de leitura: 7 minutos

Imagine investir economias em um sonho de casa própria, apenas para enfrentar atrasos intermináveis na entrega do imóvel. Essa situação, infelizmente comum no mercado imobiliário brasileiro, pode levar a frustrações financeiras e emocionais.

Uma decisão judicial recente ilustra como os consumidores podem buscar proteção legal, obtendo a rescisão de contrato de imóvel por atraso na entrega e a restituição de quantias pagas. Neste artigo, exploramos o contexto desse problema, os direitos envolvidos e orientações práticas para quem passa por algo similar.

Entendendo o problema dos atrasos em empreendimentos imobiliários

No setor de direito imobiliário, os atrasos na entrega de imóveis são uma das queixas mais frequentes dos compradores. Muitos adquirem unidades na planta, atraídos por promessas de prazos curtos e condições favoráveis de pagamento. No entanto, fatores como problemas na obra, questões burocráticas ou até má gestão das construtoras podem estender esses prazos indefinidamente, deixando os consumidores em uma posição vulnerável.

De acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC), que regula relações de consumo, o comprador é considerado a parte mais fraca no contrato. Isso significa que as construtoras têm obrigação de cumprir os prazos estipulados, sob pena de responsabilização. Quando o atraso ocorre, o consumidor pode invocar princípios como boa-fé contratual e equilíbrio nas relações, previstos no Código Civil. Esses atrasos não só geram custos extras, como aluguéis provisórios, mas também podem impactar a vida pessoal e financeira.

Uma decisão da Justiça Federal de São Paulo serve como exemplo concreto. Nesse caso, um consumidor firmou contrato com a Sabiá Sugaya Empreendimentos Imobiliários SPE Ltda., financiado pela Caixa Econômica Federal, para adquirir uma unidade em um empreendimento residencial. O imóvel, avaliado em cerca de R$ 181.500,00, deveria ser entregue em prazo razoável, mas o atraso persistiu, levando o comprador a buscar a rescisão.

Os argumentos das partes e a fundamentação legal

As construtoras frequentemente argumentam que atrasos decorrem de eventos imprevisíveis, como chuvas intensas ou problemas com fornecedores, invocando cláusulas de “força maior” nos contratos. No exemplo analisado, a empresa defendeu que não havia culpa exclusiva sua, alegando que o cronograma foi impactado por fatores externos. Já a instituição financeira envolvida, responsável pelo financiamento, posicionou-se para proteger seus interesses, mas o foco judicial recaiu na proteção ao consumidor.

A juíza responsável baseou sua decisão no CDC, especificamente nos artigos que tratam de práticas abusivas e responsabilidade objetiva das fornecedoras. O artigo 6º do CDC garante direitos básicos, como informação clara e proteção contra métodos coercitivos. Além disso, o artigo 35 permite a rescisão quando o fornecedor não cumpre a oferta. No âmbito imobiliário, decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reforçam que atrasos superiores a 180 dias configuram inadimplência grave, justificando o distrato imobiliário.

No caso em questão, o tribunal considerou comprovado o atraso, sem justificativa plausível da construtora. Aplicou-se o princípio da restituição integral, com correção monetária e juros, conforme o artigo 42 do CDC. A decisão invocou ainda a Súmula 543 do STJ, que orienta a devolução de valores com acréscimos em casos de rescisão por culpa do vendedor. Isso resultou na ordem de devolução de valores pagos, acrescidos de multa de 40% sobre o montante, totalizando uma restituição significativa, além de condenação em custas processuais.

Decisão judicial garantindo devolução de valores em rescisão de contrato de imóvel por atraso na entrega, com aplicação do Código de Defesa do Consumidor.

Impacto da decisão para consumidores e o mercado imobiliário

Essa sentença não é isolada; ela reflete uma tendência judicial de maior rigor com construtoras que descumprem prazos. De acordo com dados do Tribunal de Justiça de São Paulo, ações por multa por atraso em obra cresceram nos últimos anos, impulsionadas pela expansão do mercado imobiliário durante a pandemia. Tal decisão pode influenciar casos semelhantes, incentivando empresas a aprimorarem suas práticas e cumprirem cronogramas, sob risco de penalidades financeiras.

Para os consumidores, o precedente fortalece a noção de que contratos imobiliários não são imutáveis. Ele destaca a importância de documentar todos os pagamentos e comunicações com a construtora, facilitando provas em eventual ação judicial. Além disso, reforça o papel das instituições financeiras, como a Caixa Econômica Federal, em fiscalizar os empreendimentos financiados, evitando prejuízos aos mutuários.

Em um contexto mais amplo, decisões como essa contribuem para um mercado mais transparente. Elas desencorajam cláusulas abusivas que transferem riscos excessivos ao comprador, promovendo equilíbrio nas negociações. Consumidores em situações similares podem se beneficiar ao analisar jurisprudências recentes, disponíveis em sites como o do STJ ou tribunais regionais.

Direitos do consumidor em compra de imóvel e como agir

Os direitos do consumidor em compra de imóvel são amplos e protegem contra diversas irregularidades. Além do CDC, a Lei 4.591/1964 e a Lei 13.786/2018 (Lei do Distrato) regulam especificamente os contratos de incorporação imobiliária. A Lei do Distrato, por exemplo, permite a rescisão com retenção de até 50% dos valores pagos pela construtora em casos de desistência sem culpa, mas em atrasos comprovados, a devolução tende a ser integral.

Se você enfrenta atraso na entrega, comece avaliando o contrato: verifique prazos, cláusulas de tolerância (geralmente 180 dias) e penalidades. Documente tudo: e-mails, protocolos de atendimento e comprovantes de pagamento. Em seguida, notifique a construtora extrajudicialmente, exigindo cumprimento ou rescisão. Se não houver resolução, considere uma ação judicial para rescisão de contrato de imóvel por atraso na entrega, pleiteando devolução com correções e danos morais.

Análise de contrato imobiliário destacando prazos e riscos de rescisão de contrato de imóvel por atraso na entrega.

É essencial consultar um advogado especializado em direito imobiliário para analisar o caso específico. Profissionais podem orientar sobre viabilidade, prazos prescricionais (geralmente 10 anos para ações contratuais) e estratégias para maximizar a restituição. Plataformas como o Procon ou o Ministério Público também oferecem apoio inicial gratuito. Lembre-se: quanto mais cedo agir, maiores as chances de evitar perdas adicionais, como juros em financiamentos pendentes.

Em financiamentos com a Caixa Econômica Federal, verifique se o atraso impacta o seguro habitacional ou parcelas. A instituição pode ser incluída na ação para garantir a quitação do saldo devedor com a restituição. Casos envolvendo financiamento Caixa Econômica Federal frequentemente resultam em decisões favoráveis ao consumidor, pois o banco atua como garantidor.

Orientações práticas para evitar problemas futuros

Para prevenir atrasos, pesquise a reputação da construtora antes de assinar. Consulte o site do Reclame Aqui, processos judiciais no site do tribunal e certificações como o PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat). Opte por empreendimentos com histórico positivo e evite contratos com cláusulas vagas sobre prazos.

Durante a compra, exija memorial descritivo detalhado e registre tudo por escrito. Monitore o andamento da obra periodicamente e, se houver sinais de atraso, atue proativamente. Associações de mutuários, comuns em grandes empreendimentos, podem unir forças para negociações coletivas.

Finalmente, esteja atento a mudanças legislativas. Recentemente, projetos de lei visam endurecer penalidades por atrasos, potencializando a proteção ao consumidor. Manter-se informado é chave para decisões seguras no mercado imobiliário.

Essa decisão judicial exemplifica como o sistema jurídico brasileiro prioriza a equidade em contratos imobiliários. Ela serve de alerta para construtoras e empodera consumidores a defenderem seus interesses.

Dados objetivos do caso:

  • Data da decisão: 21 de novembro de 2023
  • Número do processo: 5036166-93.2021.4.03.6100
  • Possibilidade de recurso: Sim, trata-se de sentença de primeira instância, passível de apelação ao Tribunal Regional Federal.

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