O momento do parto é um evento de importância na vida da mulher e do bebê que está por vir.
Não obstante, há algumas vias para que o parto aconteça e, todas elas podem tratar esse momento com respeito, singularidade e cuidado para que a mulher, o bebê e a família tenham a melhor experiência possível durante esse processo.
Diante disso, entenda o que é o parto humanizado e quais são as práticas e vantagens que envolvem essa forma de assistência obstétrica.
O que é parto humanizado?
O parto humanizado é a forma de assistência obstétrica que une o protagonismo feminino, a medicina baseada em evidências científicas e defendida pela OMS e a ação de profissionais de áreas diferentes trabalhando em conjunto.
Dessa forma, a principal característica desse procedimento é que o desejo da mãe deve ser respeitado e seu bem estar preservado, melhorando a experiência de parto para as mulheres e os bebês.
Vale lembrar que o parto humanizado se constitui como uma das formas de combater a violência obstétrica, além de auxiliar na redução da taxa de mortalidade infantil e de puérperas.
Como é feito o parto humanizado?
Primeiramente, o parto humanizado preza pelo respeito à mulher, à família em formação e ao bebê, que tem direito a um nascimento sadio e harmonioso.
Diante disso, a humanização do parto deve seguir as escolhas da mulher e manter um atendimento digno e respeitoso, eliminando qualquer tipo de violência durante esse processo.
Nesse sentido, de acordo com as recomendações da OMS, o parto humanizado deve ocorrer seguindo algumas diretrizes, dentre elas, o entendimento de que:
- o parto é um processo fisiológico e que na maioria das vezes não necessita de intervenções;
- a mulher é capaz de conduzir o processo, respeitando o protagonismo dela durante todo o período da gestação, parto e pós-parto;
- é necessário garantir que a mulher tenha todas as informações sobre os procedimento e autonomia para autorizar a realização dos mesmos;
- é preciso garantir e incentivar a presença de um acompanhante escolhido pela mulher;
- deve-se promover um ambiente acolhedor;
- a individualidade da mulher deve ser respeitada, levando em consideração seus medos e suas necessidades;
- as melhores condições e recursos disponíveis precisam ser ofertadas;
- a assistência ao parto deve seguir as evidências científicas de acordo com as Normas Técnicas e recomendações do Ministério da Saúde;
- o contato do bebê com a mãe logo ao nascer é de suma importância;
- o bebê deve permanecer junto à mãe durante todo o período de internação.
Por fim, esses conceitos de humanização do parto devem estar presentes nos hospitais públicos e privados, nas casas de parto e, até mesmo, nos partos que ocorrem na residência da parturiente.
O parto humanizado é um direito da mulher?
Sim. Há algumas legislações que discorrem de maneira direta e indireta sobre o direito da mulher ao parto humanizado.
Nesse sentido, podemos destacar a Constituição da República, que estabelece a dignidade da pessoa humana como fundamento, os Direitos Humanos, dentre os quais o direito à saúde, à não violência e à maternidade segura estão previstos, e a Organização Mundial de Saúde (OMS), que emite documentos indicando normas de boas práticas e alertas para o risco de intervenções desnecessárias durante o parto.
Além disso, o Ministério da Saúde também possui diretrizes sobre o tema, como o Programa de Humanização do Parto e Nascimento e a Rede Cegonha.
Acrescenta-se também, as legislações próprias de alguns estados que garantem o acesso ao parto humanizado na rede pública como:
- São Paulo;
- Amazonas;
- Ceará;
- Alagoas;
- Rio de Janeiro;
- Goiás.
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Existe cesariana humanizada?
Sim. Isso é possível pois o parto humanizado está relacionado com a assistência e não com a via do parto.
De fato, parir em casa, na água, em casas de parto e sem intervenções médicas viraram sinônimos de humanização, no entanto, procedimentos hospitalares, analgesias e cesarianas também podem adotar medidas respeitosas que os qualifiquem como humanizados.
Então, embora a cesariana seja um procedimento cirúrgico, é possível garantir as necessidades e os desejos da mulher durante esse processo.
Para isso, alguns cuidados devem ser adotados antes, durante e após a cesaria como:
- aplicação da anestesia com segurança, sem sedação e mãos amarradas;
- permitir o contato pele a pele entre mãe e bebê após o nascimento;
- garantir acompanhante na sala de cirurgia;
- respeitar o tempo de espera no corte do cordão umbilical;
- proporcionar um ambiente com pouca luz e temperatura agradável para a mulher;
- informar a todo momento os procedimentos que estão sendo realizados.
É possível realizar o parto humanizado no SUS?
Sim. No Estado de São Paulo, por exemplo, a garantia de que todas as mulheres possuem o direito ao parto humanizado pelo Sistema Único de Saúde está descrita na Lei nº 17.431, de 14 de outubro de 2021, que define, na seção XXII, o direito ao parto humanizado.
Artigo 132 – Toda gestante tem direito a receber assistência humanizada durante o parto nos estabelecimentos públicos de saúde do Estado.
Artigo 133 – Para os efeitos do disposto nesta seção, ter-se-á por parto humanizado, ou assistência humanizada ao parto, o atendimento que:
I – não comprometer a segurança do processo, nem a saúde da parturiente ou do recém-nascido;
II – só adotar rotinas e procedimentos cuja extensão e conteúdo tenham sido objeto de revisão e avaliação científica por parte da Organização Mundial da Saúde – OMS ou de outras instituições de excelência reconhecida;
III – garantir à gestante o direito de optar pelos procedimentos eletivos que, resguardada a segurança do parto, lhe propiciem maior conforto e bem-estar, incluindo procedimentos médicos para alívio da dor.
Conheça as principais práticas de humanização do parto
Sempre que não houver problemas clínicos, algumas práticas devem ser respeitadas para que o parto humanizado ocorra. Entre elas:
- privacidade para a mãe e o acompanhante;
- possibilidade de se movimentar, caminhar e sentar;
- possibilidade de se alimentar com líquidos ou alimentos leves;
- acesso a métodos para alívio da dor durante a evolução do parto, desde massagens até a analgesia.
- realização da ausculta fetal e controle dos sinais vitais da mãe;
- liberdade de escolha da melhor posição para o parto;
- contato imediato do bebê com a mãe logo após o nascimento;
- corte do cordão umbilical apenas quando pararem as pulsações;
- estímulo da amamentação na primeira hora de vida;
- realização dos procedimentos de rotina no recém-nascido apenas após a primeira hora de vida.
Quais são as vantagens de um parto humanizado?
Há evidências científicas que mostram diversas vantagens de um parto humanizado, tanto para o bebê quanto para a mãe.
Nesse sentido, sabe-se que, para os bebês, a diminuição do estresse e do uso de medicamentos envolvidos no processo do parto humanizado impactam diretamente na redução de riscos e complicações.
Além disso, a promoção de um ambiente de harmonia e respeito também é essencial para propiciar um vínculo saudável do bebê com a mãe nas primeiras horas de vida.
Já para a mulher, podemos destacar a importância que o conforto e apoio emocional possuem para um parto mais saudável, reduzindo, inclusive, as chances de uma depressão pós-parto.
Soma-se a isso, o fato de que, com a eliminação do uso desnecessário de intervenções médicas, a parturiente tende a ter uma recuperação mais rápida e sem complicações.
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