
O impedimento de embarque em voo internacional é uma situação que pode transformar uma viagem planejada em um verdadeiro pesadelo.
Neste artigo, vamos detalhar um caso real envolvendo as companhias aéreas Latam e Air Canada, em que passageiros enfrentaram transtornos significativos e conseguiram, na justiça, garantir seus direitos.
Acompanhe para entender o que aconteceu, quais são os direitos dos viajantes em situações semelhantes e como buscar reparação.
O que aconteceu
Tudo começou quando os passageiros adquiriram passagens para um voo do Canadá para São Paulo, com escala no México, marcado para 19 de maio de 2023 às 20h05. Ao chegarem ao aeroporto para a escala, descobriram que o trecho seguinte, de responsabilidade da Latam e Air Canada, simplesmente não constava mais no sistema.
Sem qualquer aviso prévio ou explicação, as empresas deixaram os viajantes sem opções, forçando-os a arcar com a compra de novas passagens.
O resultado? Um atraso de 27 horas para chegar ao destino final, além de despesas extras e um estresse que poderia ter sido evitado. A falta de assistência ou informações claras por parte das companhias aéreas só agravou a situação, configurando uma clara violação dos direitos dos consumidores.
Os direitos dos passageiros em casos de impedimento de embarque em voo internacional
Casos de impedimento de embarque em voo internacional não são apenas inconvenientes; eles geram direitos que as companhias aéreas são obrigadas a respeitar. Confira os principais:
- Informação clara e tempestiva: as empresas devem explicar o motivo do problema e oferecer alternativas.
- Assistência material: dependendo do tempo de espera, os passageiros têm direito a alimentação, hospedagem e transporte.
- Reacomodação ou reembolso: a companhia deve oferecer outro voo ou devolver o valor pago pela passagem.
- Indenização por danos morais e materiais: quando o transtorno vai além do aceitável, os passageiros podem buscar reparação na justiça.
No caso envolvendo Latam e Air Canada, nenhum desses direitos foi cumprido. As empresas não justificaram o cancelamento de voo, não ofereceram suporte e deixaram os passageiros à própria sorte, o que abriu caminho para a ação judicial.
A decisão judicial e suas implicações
Após o ocorrido, os passageiros decidiram buscar seus direitos na justiça. O Tribunal de Justiça de São Paulo analisou o caso e deu razão aos viajantes.

A sentença inicial reconheceu a responsabilidade das companhias aéreas e determinou o pagamento de R$ 8.976,47 por danos materiais, valor referente às novas passagens compradas, e R$ 3.000,00 por danos morais para cada passageiro.
Insatisfeitos com o valor da indenização por danos morais, os passageiros apelaram, e a decisão foi reformada. Em 14 de abril de 2025, a 17ª Câmara de Direito Privado majorou o montante para R$ 10.000,00 por passageiro, considerando a gravidade do transtorno e a completa falta de assistência das empresas.
O relator, desembargador Irineu Fava, destacou que o atraso de 27 horas, somado à ausência de suporte, justificava uma compensação mais significativa.
Essa decisão é um marco importante, pois reforça que situações de impedimento de embarque em voo internacional não podem ser tratadas como meros aborrecimentos pelas companhias aéreas. Latam e Air Canada foram responsabilizadas solidariamente, mostrando que o passageiro tem respaldo legal para exigir seus direitos.
Como agir em situações semelhantes
Se você já passou ou vier a passar por um impedimento de embarque em voo internacional, saiba como agir para proteger seus direitos:
- Documente tudo: guarde recibos, e-mails, mensagens e qualquer prova do ocorrido.
- Exija assistência: solicite informações e suporte da companhia aérea no momento do problema.
- Busque orientação jurídica: um advogado especializado em direitos do passageiro aéreo pode avaliar o caso e orientar sobre as melhores medidas, seja para negociar com a empresa ou ingressar com uma ação judicial.

Ter um profissional ao seu lado é essencial para garantir que os prejuízos sejam devidamente reparados, especialmente em casos de atraso de voo ou cancelamento sem justificativa.
Esse precedente judicial contra Latam e Air Canada é um alerta para as companhias aéreas e um alento para os passageiros. Ele demonstra que a justiça está atenta às falhas no transporte aéreo e disposta a punir empresas que negligenciam suas obrigações. Além disso, destaca a importância de conhecer os direitos do consumidor e de não aceitar abusos em silêncio.
Para os passageiros, o caso serve como um exemplo de que é possível buscar reparação, seja por danos materiais, como o custo de novas passagens, seja por danos morais, como o estresse e a frustração causados por um atraso significativo. A decisão também incentiva as empresas a melhorarem seus serviços e evitarem situações semelhantes no futuro.
Em resumo, o caso de impedimento de embarque em voo internacional envolvendo Latam e Air Canada resultou em uma vitória para os passageiros. Após um atraso de 27 horas e a compra de novas passagens por conta própria, os viajantes conseguiram uma indenização de R$ 8.976,47 por danos materiais e R$ 10.000,00 por danos morais cada um.
A decisão, proferida em 14 de abril de 2025 pelo desembargador Irineu Fava, do Tribunal de Justiça de São Paulo, está registrada sob o número 1050414-42.2024.8.26.0002.