
Imagine que você depende de um hospital específico para um tratamento contínuo, e de repente recebe a notícia de que seu plano de saúde o descredenciou.
Essa situação pode gerar insegurança e prejuízos à saúde, mas a legislação brasileira oferece proteções robustas aos consumidores.
Neste artigo, exploramos o que significa o descredenciamento de hospital pelo plano de saúde, as normas da ANS, quando essa prática se torna abusiva, seus direitos amparados pela lei e passos práticos para agir.
Além disso, destacamos a importância de um advogado especializado em direito à saúde. Continue lendo para entender como salvaguardar seus interesses.
O que significa descredenciamento de hospital pelo plano de saúde?
O descredenciamento ocorre quando um hospital, clínica ou laboratório deixa de integrar a rede credenciada de um plano de saúde.
Isso pode acontecer por motivos variados, como conflitos comerciais entre a operadora e o prestador, encerramento de contratos por inadimplência ou ajustes regulatórios impostos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Para os beneficiários, o impacto é direto. Se você está em tratamento oncológico ou acompanhamento crônico, por exemplo, a mudança pode interromper cuidados essenciais, gerando custos extras ou deslocamentos inconvenientes.
Um caso comum envolve planos coletivos empresariais, onde negociações falham e hospitais saem da rede sem aviso adequado, afetando milhares de usuários.
Essa prática, embora permitida, deve respeitar regras estritas para evitar abusos. Entender as causas ajuda a prevenir problemas e exigir transparência da operadora.

O que diz a ANS sobre o descredenciamento? Entenda a RN 585/2023
A ANS regula o setor por meio da Resolução Normativa 585/2023, que estabelece critérios claros para alterações na rede assistencial. Essa norma, em vigor desde 2024, visa aumentar a transparência e proteger os consumidores.
Principais exigências incluem:
- Aviso prévio obrigatório de 30 dias: a operadora deve notificar os beneficiários com antecedência, detalhando a mudança.
- Comunicação individualizada e comprovável: não basta um anúncio genérico; cada usuário afetado recebe informação personalizada, como por e-mail ou carta.
- Substituição por prestador equivalente ou superior: o novo hospital deve oferecer os mesmos serviços, estar no mesmo município e manter ou elevar o nível de qualificação (como acreditações em segurança do paciente).
- Exceções para descredenciamento sem aviso: aplicam-se em casos de fraude, sanções sanitárias ou encerramento involuntário do prestador.
Essas regras fortalecem os direitos do consumidor, promovendo boa-fé nas relações contratuais. A RN 585/2023 também facilita a portabilidade de planos sem carência em situações de insatisfação, permitindo migração para outra operadora sem prejuízos.

Quando o descredenciamento é considerado ilegal ou abusivo?
Embora o descredenciamento seja permitido, ele pode se tornar ilegal se violar normas protetivas. A chave está na análise de conformidade com a legislação.
Situações que tornam a prática abusiva incluem:
- Ausência de aviso prévio válido, deixando o beneficiário despreparado.
- Falta de substituição adequada, como oferecer um hospital distante ou com serviços inferiores.
- Impacto em tratamentos em andamento, interrompendo cuidados contínuos sem transição suave.
- Comprometimento de atendimentos de urgência e emergência sem alternativas viáveis, ameaçando a vida do paciente.
O Código de Defesa do Consumidor (CDC) reforça isso, exigindo informação clara, boa-fé e continuidade de serviços essenciais.
A Constituição Federal garante o direito à saúde como fundamental, e jurisprudências do Superior Tribunal de Justiça (STJ) frequentemente declaram tais descredenciamentos nulos quando prejudicam o equilíbrio contratual.
Exemplos reais de decisões judiciais mostram tribunais determinando a manutenção do credenciamento até a conclusão de tratamentos, com indenizações por danos morais chegando a R$ 10.000 em casos semelhantes, além de reembolso de despesas materiais.
Descredenciamento Legal | Descredenciamento Ilegal |
Com aviso de 30 dias e substituição equivalente, sem afetar tratamentos em curso. Exemplo: Troca por hospital melhor qualificado no mesmo bairro. | Sem notificação ou alternativa, interrompendo quimioterapia em andamento. Exemplo: Remoção súbita de hospital de referência sem opção similar. |
Motivado por encerramento voluntário do prestador, com comunicação comprovada. | Falta de boa-fé, como descredenciamento para reduzir custos, ignorando urgências. Exemplo: Exclusão de emergência sem rede substituta viável. |
Direitos do Consumidor segundo a Lei e o CDC
Os beneficiários de planos de saúde contam com uma rede de proteções legais. A Lei 9.656/1998 (Lei dos Planos de Saúde) regula o setor, complementada pelo CDC e pela Constituição Federal.
Principais direitos destacados:
- Continuidade de tratamento: mesmo com descredenciamento, o plano deve garantir a finalização de procedimentos em curso, sem custos adicionais.
- Reembolso quando não há substituto adequado: se a rede falhar, o beneficiário pode buscar atendimento externo e exigir ressarcimento integral.
- Portabilidade especial sem carência: permite trocar de plano sem períodos de espera, especialmente sob a RN 585/2023.
- Revisão ou rescisão contratual: em casos abusivos, é possível questionar cláusulas ou encerrar o contrato sem penalidades, com devolução de valores pagos indevidamente.
Esses direitos derivam do princípio constitucional de acesso universal à saúde, tratando os planos como relações de consumo sujeitas ao CDC. Tribunais têm sido favoráveis, reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor perante as operadoras.

O que fazer se seu hospital foi descredenciado? Passo a passo jurídico
Diante de um descredenciamento, agir rapidamente é essencial para minimizar impactos. Aqui vai um guia prático:
- Verificar se houve comunicação adequada: analise se o aviso seguiu os 30 dias e foi individualizado. Guarde provas, como e-mails ou notificações.
- Solicitar substituição equivalente por escrito: contate a operadora via protocolo, exigindo detalhes do novo prestador e comparando qualificações.
- Registrar reclamação na ANS e no Procon: use os canais oficiais para denunciar irregularidades; a ANS pode impor multas de até R$ 40.000 por infração.
- Buscar advogado especializado para pedido judicial: em casos urgentes, é possível obter uma liminar para manter o atendimento, reembolso ou indenização.
A importância de um advogado especializado em direito à saúde
Um advogado com expertise em direito à saúde desempenha papel crucial nessa jornada. Ele analisa o contrato do plano, aplica normas como a RN 585/2023 e identifica violações ao CDC ou à Lei 9.656/1998.
Estratégias podem incluir ações judiciais com pedidos de urgência, como liminares para restabelecer o credenciamento temporariamente.
Além disso, o profissional orienta sobre reparação de danos morais e materiais, base em precedentes onde indenizações alcançaram valores significativos.
Em resumo, o descredenciamento não precisa ser sinônimo de desamparo. Com conhecimento das leis e ações assertivas, você protege seus direitos.
Se você enfrentou essa situação e quer mais informações sobre os seus direitos, é possível entrar em contato com um especialista através do nosso formulário de contato.
FAQ
1. O plano de saúde pode descredenciar hospitais a qualquer momento?
Sim, mas deve avisar com 30 dias de antecedência e substituir por outro equivalente.
2. Tenho direito de continuar o tratamento no hospital descredenciado?
Sim, especialmente se estiver em tratamento contínuo ou se não houver alternativa viável.
3. O que fazer se não fui avisado do descredenciamento?
Você pode registrar reclamação na ANS e buscar medida judicial para garantir atendimento ou indenização.
4. Posso mudar de plano sem carência por causa do descredenciamento?
Sim, a RN 585/2023 garante portabilidade em até 180 dias após o descredenciamento.
5. O plano deve reembolsar meus custos em outro hospital?
Sim, se não houver substituto equivalente, o plano deve reembolsar as despesas.