Home / Advogado de plano de saúde / Medicamento de alto custo pelo plano de saúde

Medicamento de alto custo pelo plano de saúde

O fornecimento de medicamento de alto custo pelo plano de saúde e pelo SUS, nos casos em que há prescrição médica, é um direito do paciente de acordo com o entendimento dos tribunais. Saiba seus direitos nestes casos.

Receber um diagnóstico difícil é um momento delicado, mas ter o tratamento recusado pelo convênio médico torna a situação ainda mais complexa.

Infelizmente, a negativa de cobertura do medicamento de alto custo é uma questão recorrente que afeta muitos pacientes no Brasil. Se você está passando por isso, é fundamental saber que existem caminhos jurídicos para buscar a defesa dos seus direitos e o acesso ao tratamento.

O Poder Judiciário tem consolidado um entendimento que visa proteger a saúde do consumidor, analisando o acesso a medicações essenciais, mesmo quando estas não constam na lista padrão das operadoras.

A Rosenbaum Advogados atua na defesa dos direitos dos pacientes, compreendendo a urgência de quem precisa iniciar uma terapia medicamentosa. Neste artigo informativo, explicaremos os fundamentos legais, as justificativas das operadoras, a jurisprudência atual e as etapas para questionar a negativa.

Por que os planos negam? Entenda as justificativas mais comuns

Para recusar o custeio de uma medicação de valor elevado, as operadoras de saúde utilizam argumentos técnicos e contratuais. Abaixo, detalhamos as principais situações enfrentadas pelos beneficiários e os contrapontos jurídicos:

Ausência no Rol da ANS

Esta é a justificativa mais frequente. O plano alega que o medicamento não consta na lista de procedimentos obrigatórios da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e, portanto, não haveria dever de cobertura. Existe prescrição médica e registro na Anvisa, mas o convênio alega que o item “não é obrigatório”.

No entanto, o entendimento consolidado pelos tribunais entende que o rol da ANS não é limitativo, sendo garantida a cobertura de tratamentos não previstos na lista em diversas decisões judiciais. Isso significa que ele lista o mínimo exigido, mas não esgota todas as possibilidades terapêuticas.

Para tanto, é necessário cumprir alguns requisitos:

  • O tratamento deve ser prescrito por um profissional habilitado, com indicação fundamentada e detalhada.
  • Deve ser comprovado que não há outro tratamento igualmente eficaz e disponível no Rol da ANS para o seu caso.
  • O medicamento precisa ter base na medicina baseada em evidências, com comprovação científica de alta eficácia.
  • O fármaco deve ter registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
  • Não pode haver uma negativa expressa ou um processo de análise de inclusão do medicamento no Rol em andamento.

Uso off-label (tratamento experimental)

O termo off-label refere-se ao uso de um medicamento para uma finalidade diferente daquela descrita originalmente na bula.

Por exemplo: o médico prescreve um remédio indicado para um tipo específico de câncer para o tratamento de outra forma da doença, pois estudos indicam eficácia para o caso específico. Então, o plano nega, alegando caráter experimental.

Mas o entendimento jurídico é de que o médico é a autoridade competente para definir a terapia adequada. Se há base científica para o uso off-label, negar o custeio pode ser interpretado como interferência indevida na conduta médica.

3. Alto custo financeiro

Embora raramente admitam por escrito que o motivo é financeiro, negativas baseadas em “desequilíbrio contratual” podem ocultar essa razão. Esse costuma ser o caso quando medicamento possui custo elevado e o plano impõe barreiras administrativas.

Porém, a Justiça entende que o custo do medicamento não deve se sobrepor ao direito à vida e à saúde. O risco da atividade econômica pertence à operadora, não podendo ser transferido ao consumidor em momento de vulnerabilidade.

Paciente analisando documento de negativa de cobertura sob alegação de ausência no Rol da ANS.

Súmulas e jurisprudência: decisões que reforçam seu direito

O ordenamento jurídico brasileiro possui mecanismos de proteção ao paciente. Não se trata de garantia de resultado, pois cada caso é único, mas de entendimentos consolidados em Súmulas e decisões de Cortes Superiores que fundamentam a defesa do consumidor.

Súmula 102 do TJSP

Relevante para processos em São Paulo, esta súmula estabelece:

“Havendo expressa indicação médica, é abusiva a negativa de cobertura de custeio de tratamento sob o fundamento da sua natureza experimental ou por não estar previsto no rol de procedimentos da ANS”.

Na prática, este enunciado reforça que a conduta médica deve prevalecer sobre restrições administrativas da lista da ANS.

Súmula 95 do TJSP

Esta súmula reforça os direitos dos pacientes oncológicos:

“Havendo expressa indicação médica, não prevalece a negativa de cobertura do custeio ou fornecimento de medicamentos associados a tratamento quimioterápico.”

Súmula 96 do TJSP

Embora seja direcionada a exames e procedimentos, esta súmula reforça a importância da indicação médica diante de negativas do plano de saúde.

“Havendo expressa indicação médica de exames associados a enfermidade coberta pelo contrato, não prevalece a negativa de cobertura do procedimento.”

Posicionamento do STJ e STF

Decisões do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e do STF (Supremo Tribunal Federal) têm analisado a taxatividade do rol, mantendo a possibilidade de cobertura em casos onde não há substituto terapêutico eficaz no rol ou quando há comprovação científica da necessidade do fármaco.

Existem diversos precedentes judiciais onde foi determinado o fornecimento de medicações para doenças graves (como câncer, cardiopatias e doenças autoimunes), sob o argumento de que a negativa feriria a função social do contrato.

Martelo da justiça representando a obtenção de liminar para fornecimento de medicamentos de alto custo pelo plano de saúde.

Medicamentos de alto custo pelo plano de saúde: lista de negativas frequentes

Abaixo listamos medicamentos que frequentemente são objeto de litígio e para os quais há precedentes judiciais discutindo a obrigatoriedade de cobertura.

1. Omalizumabe (Xolair)

Indicado para asma grave e urticária. Planos costumam negar baseados nas Diretrizes de Utilização (DUT). Há diversas decisões reconhecendo a abusividade dessa negativa quando há prescrição médica fundamentada.

2. Denosumabe (Prolia)

Utilizado para osteoporose. A negativa de cobertura costuma ser questionada judicialmente com base na necessidade de prevenção de fraturas e agravamento do quadro ósseo.

3. Enoxaparina (Clexane)

Essencial para prevenção de trombose e em casos de trombofilia na gestação. A urgência do uso muitas vezes demanda atuação jurídica rápida para buscar a cobertura.

4. Imunoglobulina Endovenosa (IVIG)

Tratamento para desordens imunológicas. A imunoterapia possui jurisprudência favorável ao fornecimento quando demonstrado risco à saúde do paciente.

5. Medicamentos oncológicos

Fármacos como Trastuzumabe Entansina (Kadcyla), Olaparibe (Lynparza), Bevacizumabe (Avastin), Pembrolizumabe (Keytruda) e Rituximabe são vitais. O atraso no tratamento oncológico é um fator crítico considerado pelos tribunais.

Nome ComercialMedicamento (Princípio Ativo)Preço Médio Estimado (R$)*Indicação Clínica PrincipalJustificativa Comum da Negativa
XolairOmalizumabeR$ 2.500 – R$ 5.000Asma grave, Urticária crônicaNão atende Diretrizes de Utilização (DUT) da ANS
ProliaDenosumabeR$ 870 – R$ 1.100Osteoporose (pós-menopausa)Ausência no Rol da ANS para a indicação específica
ClexaneEnoxaparinaR$ 300 – R$ 3.000Trombofilia, Prevenção de TromboseMedicamento de uso domiciliar / Fora do Rol
Igvena / OutrosImunoglobulina Humana (IVIG)R$ 2.500 – R$ 3.800Imunodeficiências, Doenças AutoimunesTratamento experimental / Alto custo
KadcylaTrastuzumabe EntansinaR$ 10.700 – R$ 16.500Câncer de Mama HER2+Uso off-label / Não consta no Rol
LynparzaOlaparibe~ R$ 25.000 (cx)Câncer de Ovário, Mama, PróstataMedicamento oral domiciliar / Off-label
VyndaqelTafamidis~ R$ 34.800 (cx)AmiloidoseDoença rara / Alto custo
AvastinBevacizumabeR$ 2.500 – R$ 8.500Câncer Colorretal, Pulmão, RimUso off-label / Experimental
MabTheraRituximabe> R$ 8.000 (cx)Linfoma, Artrite ReumatoideRestrição administrativa / Custo elevado
OcrevusOcrelizumabeR$ 31.000 – R$ 52.000Esclerose MúltiplaDiretrizes de Utilização (DUT) não preenchidas
KeytrudaPembrolizumabeR$ 16.000 – R$ 25.000Melanoma, Câncer de PulmãoImportado / Alto custo / Off-label
DupixentDupilumabe> R$ 10.000 (cx)Dermatite Atópica, AsmaAusência no Rol da ANS / Estético (alegação errônea)
SpravatoEscetaminaR$ 2.500 (dose)Depressão ResistenteTratamento psiquiátrico limitado / Experimental
Frascos de medicamentos oncológicos e de alto custo frequentemente negados pelos planos de saúde.

Como funciona a ação com pedido de liminar

Em questões de saúde, o tempo é essencial. Por isso, uma estratégia jurídica comum é a ação com pedido de liminar (tutela de urgência).

A liminar é uma decisão provisória, analisada no início do processo, que pode determinar que o plano de saúde forneça a medicação imediatamente, antes mesmo do julgamento final da ação.

Os requisitos para a liminar

Para a concessão da tutela de urgência, é necessário demonstrar ao juiz:

  1. A probabilidade do direito: Fundamentada na legislação e jurisprudência (como a Súmula 102).
  2. O perigo da demora: Comprovado por relatório médico atestando a urgência e os riscos da falta do tratamento.

Passo a passo para buscar seu medicamento

Caso você enfrente dificuldades com a cobertura do medicamento de alto custo e precise processar o plano de saúde, a orientação é seguir etapas organizadas para resguardar seus direitos:

1. Obtenha a negativa por escrito

Solicite que a operadora formalize a negativa (por e-mail ou carta). Este documento comprova a recusa no atendimento.

2. Solicite um relatório médico detalhado

O médico deve elaborar um laudo contendo o histórico clínico, a prescrição exata, a justificativa da escolha terapêutica e a urgência do caso.

3. Reúna documentos

Tenha em mãos RG, CPF, carteirinha do plano, comprovantes de pagamento e exames médicos.

4. Consulte um advogado especialista

A orientação de um profissional em Direito da Saúde é importante para analisar a viabilidade do caso e a estratégia adequada para pleitear a cobertura na justiça.

Advogado especialista em Direito da Saúde da Rosenbaum Advogados orientando cliente sobre como obter medicação.

Perguntas frequentes (FAQ)

Separamos as dúvidas comuns sobre o tema:

Quando o plano de saúde é obrigado a fornecer medicamento?
O plano de saúde é obrigado a fornecer medicamentos quando estão previstos no contrato ou quando são prescritos por um médico como parte do tratamento necessário.
Quem tem direito a receber remédio de alto custo?
Beneficiários de planos de saúde têm direito a receber medicamentos de alto custo quando prescritos por um médico como parte do tratamento médico necessário.
Como conseguir medicação pelo plano de saúde?
Para conseguir medicação pelo plano de saúde, é necessário seguir os procedimentos estabelecidos pela operadora, incluindo a solicitação médica e a análise da cobertura. Se houver negativa, é possível recorrer judicialmente.
Quais medicamentos estão no rol da ANS?
O Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da ANS define os medicamentos que devem ser cobertos pelos planos de saúde. Consulte o rol atualizado para saber quais medicamentos estão incluídos.
O plano de saúde pode negar o medicamento se ele não estiver no rol da ANS?
O entendimento majoritário é de que o rol é exemplificativo. Com prescrição médica fundamentada, a negativa pode ser considerada abusiva pelo Judiciário.
Quanto tempo demora para sair uma decisão liminar?
Em comarcas como o TJSP, a apreciação do pedido de liminar costuma ocorrer em poucos dias (em média 24h a 48h), dada a urgência da matéria, mas os prazos podem variar.
O que é uso Off-Label e o plano cobre?
É o uso diferente do previsto na bula. O Judiciário tende a entender que cabe ao médico, e não ao plano, determinar o tratamento, havendo possibilidade de cobertura.
Quais são os custos de um processo?
Os honorários advocatícios e as custas processuais variam conforme o caso e o contrato de prestação de serviços. Consulte nosso escritório para informações detalhadas sobre as modalidades de contratação.

Conclusão: a defesa do seu direito à saúde

A relação com operadoras de saúde pode apresentar desafios, mas a legislação brasileira oferece amplo amparo ao consumidor. A negativa de um medicamento de alto custo pelo plano de saúde deve ser analisada com cautela e, quando indevida, combatida pelos meios legais.

Com a documentação correta e o suporte da jurisprudência, é possível buscar a reversão da negativa e o acesso ao tratamento necessário.

Se você teve um medicamento negado, a Rosenbaum Advogados está à disposição para analisar o seu caso e orientar sobre as medidas cabíveis. Entre em contato através do nosso formulário ou canais de atendimento.

Notícias e Artigos relacionados

Nossa reputação é de excelência em serviços jurídicos

Avaliação dos clientes
ROSENBAUM ADVOGADOS

Fale com a nossa equipe de especialistas, e dê o primeiro passo rumo à solução dos seus desafios.

FALE CONOSCO
Atendimento Rosenbaum Advogados

Atendimento Rosenbaum Advogados

Olá! Podemos ajudá-lo(a)? Teremos prazer em esclarecer suas dúvidas.
Whatsapp