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Plano de saúde deve cobrir tratamento para autismo? Entenda seus direitos

Direito à Saúde
Criança participando de sessão de terapia ABA para tratamento de autismo, acompanhada por terapeuta e responsável atento, transmitindo cuidado e esperança em abordagem multidisciplinar.
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Redação

Publicado: agosto 18, 2025
Tempo estimado de leitura: 6 minutos

O diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA) representa um momento desafiador para muitas famílias, mas também o início de uma jornada rumo a intervenções que podem transformar vidas.

A intervenção precoce é crucial, pois evidências mostram que terapias iniciadas cedo melhoram habilidades sociais, comunicativas e cognitivas, reduzindo desafios futuros.

No entanto, o acesso a profissionais capacitados e tecnologias eficientes custa caro. Por isso, entender se o plano de saúde cobre tratamento para autismo é fundamental.

Neste artigo, você vai conhecer as teses e obrigações legais que tratam da cobertura do tratamento para autismo pelo plano de saúde e entender quais são os caminhos para garantir os direitos do paciente.

O que diz a lei sobre cobertura de tratamentos para TEA

A legislação brasileira estabelece bases sólidas para a cobertura de tratamentos relacionados ao TEA.

A Lei 9.656/98 determina a obrigatoriedade de cobertura para tratamentos vinculados ao CID F84, que classifica o transtorno do espectro autista, garantindo assistência sem exclusões indevidas para condições diagnosticadas.

Complementando isso, as resoluções da Agência Nacional de Saúde (ANS), como a RN 469/2021 e a RN 539/2022, proíbem limitações de sessões e incluem terapias como ABA (análise aplicada do comportamento), musicoterapia, terapia ocupacional, psicologia e fonoaudiologia.

Essas normas enfatizam que o número de sessões deve seguir a prescrição médica, sem tetos arbitrários impostos pelas operadoras.

Infográfico ilustrando 5 direitos essenciais que o plano de saúde deve cobrir em tratamentos para transtorno do espectro autista (TEA), incluindo coberturas ilimitadas.

A Lei Berenice Piana (Lei 12.764/2012) reconhece o autista como pessoa com deficiência, assegurando todos os direitos inerentes, incluindo acesso integral à saúde, educação e inclusão social.

Essa lei reforça a proteção contra discriminações e promove políticas públicas que suportam o tratamento contínuo.

Quais tratamentos o plano deve custear

Os planos de saúde devem cobrir uma gama ampla de intervenções para o TEA, priorizando abordagens multidisciplinares prescritas por profissionais qualificados. Isso inclui avaliações iniciais com neurologista, psiquiatra e psicólogo para um diagnóstico preciso e planejamento terapêutico.

Terapias reconhecidas englobam ABA para desenvolvimento comportamental, fonoaudiologia para comunicação, terapia ocupacional para habilidades motoras e diárias, psicologia para suporte emocional, fisioterapia para coordenação, equoterapia para integração sensorial e musicoterapia para expressão criativa.

Medicamentos prescritos, como aqueles para comorbidades como ansiedade ou hiperatividade, também são obrigatórios.

Não há limite de sessões: a quantidade é definida pelo médico, com base na necessidade individual, sem interferência da operadora.

Carências aplicam-se até 180 dias para procedimentos gerais, ou 24 meses se pré-existente, enquanto prazos de atendimento seguem a RN 259/2011, geralmente até 14 dias úteis para consultas e terapias.

Linha do tempo visual explicando prazos de carência para tratamentos de autismo cobertos por planos de saúde conforme normas da ANS.

Rede credenciada ou reembolso integral

A operadora é responsável por oferecer atendimento próximo ao domicílio do beneficiário, facilitando o acesso a especialistas em TEA sem deslocamentos excessivos que comprometam a adesão ao tratamento.

Em ausência de rede credenciada adequada ou disponível na região, o reembolso integral é obrigatório, cobrindo despesas com profissionais externos.

O valor deve ser compatível com custos de atendimentos particulares ou alinhado à tabela de referência da rede, garantindo que o beneficiário não sofra prejuízos financeiros e mantenha a continuidade do cuidado.

O que fazer se o plano negar o tratamento

Diante de uma negativa de cobertura, exija a justificativa por escrito, incluindo detalhes técnicos sobre os motivos da recusa, o que serve como prova essencial para contestações futuras.

Reúna documentação robusta, como laudo médico confirmando o diagnóstico com CID F84, prescrição detalhada das terapias indicadas e relatórios de evolução de profissionais envolvidos.

Guarde todos os protocolos de atendimento, e-mails, gravações de chamadas e demais registros que demonstrem as interações com a operadora, fortalecendo sua posição em eventuais reclamações ou ações.

Como recorrer: caminhos administrativos e judiciais

Inicie por vias administrativas: registre reclamação na ANS via site ou disque 0800 701 9656, e no Procon local, órgãos que fiscalizam e mediam conflitos consumeristas.

Tente uma mediação direta com a operadora, apresentando a documentação para negociar o custeio sem judicialização.

Se não der certo, também há a opção de processar o plano de saúde. Visto que é importante que o paciente comece o tratamento o quanto antes, é possível obter uma liminar em poucos dias, prevenindo danos à saúde.

A ação também permite pleitear o reembolso de despesas passadas, custeio integral futuro e danos morais, especialmente em negativas abusivas que causem sofrimento adicional.

Jurisprudência favorável: o que os tribunais estão decidindo

Os tribunais reforçam a proteção aos beneficiários com TEA. No STJ, o REsp 2.043.003 reconheceu a obrigatoriedade de custeio integral e ilimitado, abrangendo ABA e musicoterapia, priorizando a prescrição médica sobre limitações contratuais.

Imagem simbólica de acórdão judicial destacando obrigatoriedade de plano de saúde cobrir tratamento para autismo de forma integral, com exemplo de jurisprudência do STJ.

O TJSP tem considerado negativas de cobertura como abusivas, frequentemente garantindo que o paciente tenha acesso ao tratamento, além de reembolsos por danos materiais, alinhando-se à visão de que o rol da ANS é exemplificativo em casos de necessidade comprovada.

Dicas práticas para garantir seus direitos

  • Antes de contratar, verifique se o plano cobre TEA analisando o contrato e consultando a ANS para evitar surpresas.
  • Exija prescrição médica detalhada desde o diagnóstico, guardando laudos, recibos e protocolos para construir um dossiê sólido.
  • Reforce o histórico documental ao longo do tratamento, atualizando relatórios e mantendo organização para facilitar reivindicações.

Se os seus direitos forem violados, é recomendável consultar um advogado especializado em direito à saúde para orientação personalizada.

É possível entrar em contato com um profissional especializado através do nosso formulário.

FAQ

1. O plano de saúde cobre tratamento para autismo?

Sim! A lei (Lei 9.656/98), a ANS (RN 469/2021, RN 539/2022) e decisões do STJ garantem cobertura ilimitada para terapias multidisciplinares (ABA, fono, TO, psicologia, musicoterapia etc.), quando prescritas por médico e registradas com CID F84.

2. Posso ser recusado se o tratamento não estiver no rol da ANS?

Não! O rol é a base mínima. Se o médico indicar a necessidade, o plano é obrigado a cobrir, mesmo que o tratamento seja “fora do rol”, conforme recente precedência legal.

3. Existem limites de sessões por mês ou por ano?

Não. A ANS proibiu limites. A quantidade de sessões deve obedecer à prescrição médica — e o plano não pode impor teto que atrapalhe o tratamento.

4. E se não tiver rede credenciada por perto?

Se não houver profissionais especializados disponíveis, você tem direito a reembolso integral de consultas e terapias realizadas fora da rede.

5. Como agir diante de negativa?

Solicite justificativa por escrito. Junte laudos e CID. Reclame na ANS e Procon. Se persistir, você pode entrar com ação para garantia imediata (liminar) e indenização por danos morais, se cabível.

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