O aumento de casos e mortes por desnutrição e malária na reserva indígena Yanomami chamou a atenção do Governo Federal.
Segundo o próprio governo, cerca de 570 crianças Yanomami morreram nos últimos quatro anos.
Em vista disso, o Governo Federal emitiu um decreto de Emergência de Saúde Pública nesse território e o Ministério da Saúde anunciou uma série de ações para tentar controlar a crise humanitária.
Entre as iniciativas adotadas, destaca-se a instalação de um hospital de campanha e o envio de insumos e profissionais da área da saúde.
Dito isso, confira quais são os principais sintomas da malária e entenda qual a importância do diagnóstico precoce.
O que é a malária?
A malária é uma doença infecciosa febril aguda causada por parasitos (protozoários) do gênero Plasmodium. Ela é potencialmente fatal, pois afeta os glóbulos vermelhos do sangue.
É importante citar que essa doença se apresenta mais comumente em regiões pobres e é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um problema mundial de saúde.
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS), aproximadamente metade da população mundial corre o risco de contrair a infecção, especialmente aqueles que vivem em países de baixa renda. Nas Américas, 138 milhões de pessoas vivem em áreas de risco.
Ademais, conforme esclarece a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), em 2020, cerca de 627 mil pessoas morreram por causa da malária. Entre elas, 77% eram crianças com menos de cinco anos de idade.
Quais são os sintomas da malária?
Antes das manifestações mais características da doença, as pessoas infectadas pela doença podem apresentar náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite.
Por conseguinte, entre os sintomas mais comuns da malária destacam-se:
- febre alta;
- calafrios;
- tremores;
- sudorese;
- dor de cabeça;
- dores no corpo.
Já a malária grave ou complicada caracteriza-se por um ou mais dos seguintes sinais e sintomas:
- prostração;
- alteração da consciência;
- dispnéia ou hiperventilação;
- convulsões;
- hipotensão arterial ou choque;
- hemorragias;
- dor abdominal intensa;
- icterícia (mucosas amareladas);
- redução do volume de urina a menos de 400 mL em 24 horas;
- cianose (extremidades azuladas).
Qual é o período de incubação da malária?
O período de incubação corresponde ao intervalo entre a aquisição do parasito até o surgimento dos primeiros sintomas e varia de acordo com a espécie de plasmódio, da seguinte maneira:
- P. falciparum – mínimo de 7 dias;
- P. vivax – de 10 a 30 dias;
- P. malariae – 18 a 30 dias.
Quais são as formas de transmissão da malária?
A malária é causada pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, infectada por Plasmodium, um tipo de protozoário.
Vale acrescentar que tal mosquito anofelino é denominado de “vetor da malária” e também é conhecido como carapanã, muriçoca, sovela, mosquito-prego e bicuda.
Isso posto, existem cinco espécies de parasitos que causam a infecção em humanos e duas delas apresentam a maior ameaça: Plasmodium falciparum e Plasmodium vivax.
Enfim, também há o risco de transmissão vertical, ou seja, da mãe para o feto, por meio de transfusão de sangue ou do uso incorreto e do compartilhamento de agulhas e instrumentos cortantes.
Em qual horário o mosquito transmissor da malária é mais ativo?
Esses mosquitos são mais abundantes nos horários crepusculares, ao entardecer e ao amanhecer.
Todavia, são encontrados picando durante todo o período noturno, porém em menor quantidade.
A malária é contagiosa?
Não. A malária não é uma doença contagiosa.
Logo, uma pessoa diagnosticada com a doença não é capaz de transmiti-la diretamente a outra pessoa.
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Como a malária é diagnosticada?
O diagnóstico é confirmado quando o protozoário Plasmodium é encontrado em uma amostra de sangue do paciente.
A recomendação da OMS é que o diagnóstico dos pacientes com suspeita de malária seja feio por meio de exames parasitológicos por microscopia ou de testes rápidos de diagnósticos.
Dito isso, o método oficialmente adotado no Brasil para o diagnóstico é o exame de lâmina, também chamado de gota espessa. Sua técnica baseia-se na visualização do parasito por meio de microscopia óptica.
Para isso, é feito um pequeno furo na ponta de um dos dedos do paciente para obter uma gota de sangue. A gota é analisada no microscópio em busca da presença do protozoário.
Além desse método, existe também o Teste de Diagnóstico Rápido (TDRs) que consiste em um exame de diagnóstico rápido para detectar proteínas liberadas pelos parasitos no sangue do paciente.
Vale ressaltar que o diagnóstico precoce é extremamente importante, pois visa identificar a malária o mais rapidamente possível para reduzir o risco de complicações.
Existe vacina contra a malária?
Não existe vacina contra a malária no Brasil.
A vacina disponível serve apenas para alguns países Africanos com alta transmissão da infecção por Plasmodium falciparum e é exclusiva para crianças pequenas.
Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculada ao Ministério da Saúde, existem algumas substâncias capazes de gerar imunidade para a doença estão sendo estudadas no Brasil e no mundo, porém, os resultados encontrados nesses estudos ainda não são satisfatórios para implantação da vacinação como medida de prevenção.
Além disso, quase 90% dos casos de malária no Brasil são causados pelo Plasmodium vivax e não há ainda previsão de alguma vacina eficaz para esta espécie.
A malária tem cura?
Sim. Quando o diagnóstico da doença é realizado de maneira correta e em tempo oportuno, o tratamento garante a cura da doença.
Porém, a malária humana é uma doença que se não for tratada, poderá evoluir rapidamente para a forma grave e complicada, podendo levar o paciente a óbito.
Isso porque se ela demorar para ser diagnosticada e tratada, a forma grave da doença pode causar cansaço extremo e outras complicações por causa da anemia, além do comprometimento de órgãos e, até mesmo, alteração de consciência.
Como é realizado o tratamento da malária?
Antes de mais nada, o tratamento indicado depende de alguns fatores, entre eles:
- a espécie do protozoário infectante;
- a idade e o peso do paciente;
- as condições associadas, tais como gravidez e outros problemas de saúde;
- o nível da gravidade da doença.
Porém, em síntese, o tratamento visa atingir ao parasito em pontos-chave de seu ciclo evolutivo, que podem ser resumidos em:
- interrupção da esquizogonia sanguínea, responsável pela patogenia e manifestações clínicas da infecção;
- destruição de formas latentes do parasito no ciclo tecidual (hipnozoítos) das espécies P. vivax e P. ovale, evitando as recaídas tardias;
- interrupção da transmissão do parasito com o uso de drogas que impedem o desenvolvimento de formas sexuadas dos parasitos (gametócitos).
Após a confirmação do diagnóstico, o paciente recebe o tratamento em regime ambulatorial, com comprimidos que são fornecidos gratuitamente em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS).
Portanto, somente os casos graves deverão ser hospitalizados de imediato.
Qual região brasileira é mais atingida pela malária?
De acordo com o Guia de tratamento de malária no Brasil, cerca de 99% da transmissão da malária concentra-se na região da Amazônia Legal, composta por nove estados. São eles:
- Acre;
- Amapá;
- Amazonas;
- Maranhão;
- Mato Grosso;
- Pará;
- Rondônia;
- Roraima;
- Tocantins.
Já a região extra-amazônica, composta pelos outros 17 estados e o Distrito Federal, é responsável por apenas 1% do total de casos notificados no Brasil.
Como prevenir a malária?
A prevenção da malária consiste no controle e eliminação do mosquito transmissor.
Nessa via, é essencial frisar que os locais mais escolhidos pelos mosquitos transmissores da malária para colocar seus ovos são coleções de água limpa, sombreada e de baixo fluxo, muito frequentes na Amazônia Brasileira.
Nesse contexto, entre as principais medidas individuais de prevenção da malária destacam-se:
- uso de roupas claras e com manga longa durante atividades de exposição elevada;
- uso de medidas de barreira, tais como telas nas portas e janelas, ar-condicionado e uso de mosquiteiro;
- borrifação intradomiciliar com inseticida de longa duração em casa;
- uso de repelente à base de DEET (N N-dietilmetatoluamida), que deve ser aplicado nas áreas expostas da pele, seguindo a orientação do fabricante.
Por conseguinte, as principais medidas coletivas que podem e devem ser adotadas pelas comunidades permeiam as seguintes condutas:
- drenagem de coleções de água;
- obras de saneamento para eliminação de criadouros do vetor;
- aterro;
- aplicar inseticida em casas e terrenos;
- limpeza das margens dos criadouros de mosquitos;
- modificação do fluxo da água;
- controle da vegetação aquática;
- melhoramento da moradia e das condições de trabalho;
- uso racional da terra, para evitar o desperdício e não prejudicar o meio ambiente.
Por fim, de acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para prevenir a malária é fundamental a disponibilização, a distribuição e a facilitação do acesso aos testes e tratamentos nas unidades de saúde, por parte do poder público.