
Você sabia que, em muitas decisões judiciais, os bancos e instituições financeiras são condenados a pagar uma indenização por fraude bancária aos seus clientes que caíram em um golpe?
Recentemente, o Tribunal de Justiça de São Paulo julgou um caso emblemático em que o Itaú foi condenado a indenizar uma cliente que sofreu um prejuízo de R$ 10.000,00 devido a uma transação fraudulenta.
Essa decisão não apenas restitui o dinheiro perdido à vítima, mas também destaca a importância de conhecer seus direitos como consumidor e como as instituições financeiras podem ser responsabilizadas por falhas em seus sistemas de segurança.
O que é fraude bancária e como ela afeta os consumidores?
Fraude bancária ocorre quando terceiros, sem autorização, realizam transações financeiras em nome do titular da conta. Isso pode incluir saques, transferências, pagamentos de boletos falsos, entre outros.
No Brasil, com a expansão dos serviços bancários digitais, como o Pix (Golpe do Pix), os casos de fraude têm aumentado significativamente.
De acordo com dados do Banco Central, em 2023, foram registradas mais de 3 milhões de tentativas de golpes financeiros apenas nos primeiros cinco meses do ano.
No caso em questão, a cliente, após utilizar seu cartão de débito para pagar um serviço de transporte, descobriu posteriormente uma transação de R$ 10.000,00 para uma empresa desconhecida, o que não condizia com seu padrão de consumo.
Apesar de não ter autorizado essa operação, a primeira instância do tribunal rejeitou seu pedido de indenização, argumentando que ela não comprovou a culpa do banco. No entanto, em recurso, o tribunal superior reverteu a decisão, reconhecendo a responsabilidade objetiva do banco por não ter detectado uma transação atípica.
A responsabilidade objetiva das instituições financeiras
De acordo com a Súmula 479 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), “as instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias”.

Isso significa que o banco tem o dever de implementar mecanismos de segurança que detectem e previnam transações atípicas ou fraudulentas, independentemente de a vítima ter ou não contribuído para a fraude.
No caso julgado, o tribunal entendeu que o Itaú falhou em identificar uma transação atípica que era claramente atípica em relação ao histórico da cliente, cujas operações nunca haviam ultrapassado cinco dígitos. Essa falha configurou um fortuito interno, responsabilizando o banco pela perda sofrida pela cliente.
Além disso, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) estabelece que os fornecedores de serviços, incluindo instituições financeiras, são responsáveis pela segurança dos serviços prestados. Em casos de fraude, se houver falha na prestação do serviço, o consumidor tem direito a reparação integral, incluindo danos morais e materiais (TJSP).
Como obter indenização por fraude bancária?
Diante de uma fraude bancária, é essencial agir rapidamente e seguir os passos corretos para garantir seus direitos. Aqui estão algumas dicas:
1. Registre a ocorrência imediatamente
Entre em contato com seu banco e informe sobre a fraude. Peça para bloquear sua conta e cartões para evitar mais prejuízos. Registre também um boletim de ocorrência na delegacia mais próxima, pois isso é fundamental para a investigação e para provar que você foi vítima de um crime.
2. Colete evidências
Guarde todos os comprovantes, extratos bancários, mensagens e quaisquer outros documentos que possam comprovar a fraude. Isso será crucial tanto para a investigação do banco quanto para uma possível ação judicial.
3. Avalie seus direitos
Um profissional qualificado, como um advogado especializado em direitos do consumidor, pode ajudar a entender se você tem direito a indenização e quais são os melhores passos a seguir.
4. Tente resolver administrativamente
Muitas vezes, os bancos têm departamentos específicos para lidar com fraudes e podem oferecer soluções sem a necessidade de ir à justiça. No entanto, se o banco se recusar a reconhecer a fraude ou não oferecer uma solução satisfatória, você pode precisar recorrer à via judicial.
5. Aja judicialmente, se necessário
Se o banco não resolver o problema administrativamente, é possível entrar com uma ação judicial para reaver os valores perdidos e obter indenização por danos morais e materiais. Nesse caso, é recomendável ter um advogado experiente ao seu lado.
Detalhes do caso
Data da decisão: 30 de abril de 2025
Juíza relatora: Mara Trippo Kimura
Número do processo: 1070114-98.2024.8.26.0100
Possibilidade de recurso: processo em grau de recurso
A decisão favorável contra o Itaú é um exemplo claro de como as instituições financeiras podem ser responsabilizadas por fraudes quando falham em seus deveres de segurança. Se você for vítima de uma fraude bancária, não hesite em buscar ajuda profissional para garantir seus direitos e obter a indenização que merece. Lembre-se: conhecer seus direitos é o primeiro passo para protegê-los.