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Entenda o que é a COP26

Saiba qual o objetivo da realização da COP26 e compreenda qual o papel da participação do Brasil nessa conferência.

09 de novembro de 2021

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Segundo um relatório recente do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), o aquecimento global está atingindo níveis sem precedentes, indicando que a temperatura média do planeta tende aumentar 1,5 ºC nas próximas duas décadas. 

Tal mudança pode resultar em uma devastação generalizada. Nesse sentido, ambientalistas afirmam que a COP26 é considerada como uma oportunidade de fundamental importância para evitar uma série de catástrofes climáticas.

Assim sendo, a edição de 2021 do evento reúne países para acelerar a ação em direção aos objetivos do Acordo de Paris e da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima

Compreenda a seguir no que consiste a COP26 e saiba o que será discutido durante a realização desse evento.

O que é a COP26?

Conhecida como COP, a Conferência das Partes está entre as maiores as maiores reuniões internacionais do mundo e representa o maior fórum global para discussão das questões relativas às mudanças climáticas em âmbito mundial. 

Desde 1994, a ONU reúne anualmente quase todos os países do planeta para as referidas cúpulas globais do clima.

“As Partes”, referem-se aos signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), um tratado acordado em 1994 que tem 197 Partes (196 países e a União Europeia). 

Nesse tratado, as nações signatárias concordam em “estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera”, para evitar interferências perigosas da atividade humana no sistema climático.

Na COP21, realizada em Paris, em 2015, pela primeira vez, todos os países concordaram em trabalhar juntos para limitar o aquecimento global a menos de 2 graus, tendo como objetivo chegar a 1,5 grau. Assim nasceu o Acordo de Paris.

Na mesma edição, as partes também se comprometeram a se adaptar aos impactos das mudanças climáticas e disponibilizar recursos para cumprir esses objetivos.

Contudo, os compromissos estabelecidos em Paris não chegaram perto de limitar o aquecimento global a 1,5 grau.

No entanto, em cada COP existe uma negociação para alinhar e atualizar as ações de cada um dos países envolvidos para combater as mudanças climáticas.

A COP26, realizada neste ano de 2021, representa a 26ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas.

Vale notar que as negociações entre governos são complexas e envolvem autoridades de todos os países do mundo, bem como representantes da sociedade civil e de meios de comunicação.

Qual o objetivo da COP26?

O objeto da COP26 é atualizar as metas para conter a crise climática, por meio de ações de desenvolvimento e preservação do meio ambiente, contenção e mitigação das emissões de gases de efeito estufa e aquecimento global. 

Nesse sentido, de acordo com a ONU-Brasil, existem quatro pontos principais a serem discutidos durante a conferência. Confira a seguir.

1 – Garantir que o mundo elimine as emissões de carbono até meados do século e mantenha a meta de não ultrapassar o aumento da temperatura global em 1,5°C  

Para isso, os países precisam acelerar a eliminação do carvão, conter o desmatamento e impulsionar a mudança para economias mais verdes. Mecanismos de mercado de carbono também farão parte das negociações. 

2 – Adaptação para proteger as comunidades e habitats naturais 

Como o clima está mudando, os países já afetados pelas mudanças climáticas precisam proteger e restaurar os ecossistemas, bem como construir defesas, sistemas de alerta e infraestrutura resiliente. 

3 – Mobilização de finanças 

É  fundamental garantir recursos para ajudar na adaptação às mudanças climáticas e mitigar novos aumentos de temperatura.

4 – Trabalho conjunto  

Estabelecer colaborações entre governos, empresas e sociedade civil e finalizar o Livro de Regras de Paris para tornar o acordo totalmente operacional. 

Além das negociações formais, a COP26 deve estabelecer novas iniciativas e coalizões para o cumprimento das ações climáticas. 

Enfim, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) espera que a COP26 resulte em um aumento da ação global em três áreas centrais para as políticas: mitigação, adaptação e finanças. 

Mas, afinal, como a COP26 pode afetar o mundo?

Alguns compromissos firmados em Glasgow poderão afetar diretamente o nosso dia a dia. Por exemplo, podem determinar se você vai dirigir um carro a gasolina, aquecer sua casa com aquecedor a gás ou viajar menos de avião.

Vale acentuar que as negociações oficiais acontecem ao longo de duas semanas. A primeira inclui negociações técnicas por funcionários do governo, seguidas por reuniões ministeriais de alto nível e chefes de Estado. Já a segunda, será quando as decisões finais serão tomadas. 

Quando e onde a COP26 será realizada?

Neste ano, a COP acontece no Reino Unido, na cidade de Glasgow, na Escócia.  

É importante lembrar que a COP26 deveria ter sido realizada em 2020, mas a pandemia de covid-19 impossibilitou o encontro. A última COP aconteceu em Madrid, em 2019.

Sendo assim, o evento teve início no último domingo, 31 de outubro, e ocorrerá até o dia 12 de novembro.

Quem participa da COP26?

Participam do evento, representantes de governos, organizações não-governamentais, empresas, cientistas, grupos religiosos e delegações de povos indígenas de todo o mundo.

Isso representa cerca de 200 governos com o objetivo de acelerar a ação climática para cumprir o Acordo de Paris. 

Entretanto, em vista da desigualdade no acesso mundial às vacinas contra a covid-19, muitos países não participam de forma presencial. 

Além desses, as conferências são constituídas por eventos com muitas reuniões paralelas que, por sua vez, atraem pessoas do setor empresarial, empresas de combustíveis fósseis, ativistas do clima e outros grupos com interesse na crise climática.

Vale ressaltar que há mais de 30 mil pessoas inscritas para participar da reunião, representando governos, empresas, ONGs e entidades da sociedade civil.

Além disso, algumas celebridades incluirão o “defensor do povo” na COP26, dentre elas, a ativista Greta Thunberg e o ambientalista David Attenborough.

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Como funciona a COP26?

Durante o evento, os 197 Estados-Partes do tratado da UNFCCC formam grupos ou “blocos” para negociar juntos, como: 

  • o G77 e a China;
  • o Grupo da África;
  • os Países Menos Desenvolvidos;
  • o Fórum Guarda-chuva;
  • os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento; 
  • a Aliança Independente da América Latina e Caribe. 

As negociações incluem observadores, que não têm parte formal, mas fazem intervenções e ajudam a manter a transparência. Entre eles estão: 

  • agências das Nações Unidas;
  • organizações intergovernamentais;
  • ONGs;
  • grupos religiosos; 
  • jornalistas. 

Contudo, além das negociações oficiais, haverá uma conferência, um pavilhão e vários eventos paralelos, divididos em dias temáticos, sobre temas como finanças, energia, juventude e empoderamento público, natureza, adaptação, gênero, ciência e inovação, transporte e cidades. 

Além disso, a conferência acontecerá em duas zonas: a Zona Azul, no Campus de Eventos Escoceses, e a Zona Verde, localizada no Centro de Ciências de Glasgow. 

A Zona Azul é um espaço administrado pela ONU onde as negociações são realizadas. Para entrar, todos os participantes devem ser creditados pelo Secretariado da UNFCCC. 

A Zona Verde é administrada pelo governo do Reino Unido e aberta ao público. Incluirá eventos, exposições, workshops e palestras para promover o diálogo, a conscientização, a educação e os compromissos sobre as mudanças climáticas. 

Qual é a importância da COP26?

Antes de mais nada, é na COP26 que os governos terão a primeira oportunidade de comunicar ou atualizar os compromissos para conter o aquecimento global, firmados no Acordo de Paris, na COP21, em 2015.

No entanto, os compromissos assumidos até agora não chegam nem perto da meta estabelecida na ocasião de 1,5 ºC e a janela para conseguir alcançar a meta está se fechando. 

De acordo com a ONG GreenPeace, a COP26 será determinante para os rumos do planeta, uma vez que estamos na última década para juntar esforços e evitarmos que os impactos do aquecimento global sejam ainda mais perversos. 

A ONG afirma que tratam-se de “desastres naturais inimagináveis, eventos extremos cada vez mais intensos e frequentes, subida do nível do mar e perda irreparável da biodiversidade”.

Portanto, a COP26 será decisiva para o futuro da humanidade.

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O aumento da temperatura da Terra pode trazer graves consequências para o planeta, além de danos irreversíveis para a humanidade.

Qual o papel do Brasil na COP26?

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, “o Brasil irá buscar a aprovação do livro de regras do mercado de carbono global, maior transparência nas negociações, marcos temporais comuns, apoio ao financiamento de clima, adaptação, perdas e danos”.

Nesse sentido, nos meses que antecederam a COP26, o país realizou dezenas de reuniões técnicas, via Itamaraty, e políticas, por meio do Ministério do Meio Ambiente, a fim de construir um bom resultado na COP26. 

Cabe destacar que a participação do Brasil na COP26 é de fundamental importância, tendo em vista a relevância da Amazônia para o equilíbrio climático mundial. 

Entre as principais ações que o Brasil participou até o momento na conferência, destaca-se o anúncio oficial de um compromisso para salvar e recuperar as florestas do planeta, denominado “Forest Deal”,  realizado na terça-feira, dia 2 de novembro.

Nele, representantes de mais de 100 países, entre eles o Brasil, assinaram um acordo para proteção de florestas. Tal compromisso tem como objetivo zerar o desmatamento mundial até o ano de 2030. 

É importante ressaltar que em um grupo de mil cidades de todo o mundo, oito municípios brasileiros aderiram ao compromisso de reduzir pela metade a emissão de carbono até o ano supracitado. São eles: 

  • São Paulo;
  • Rio de Janeiro
  • Niterói;
  • Salvador;
  • Curitiba, e mais outras três cidades ainda não foram reveladas.

Contudo, o governo brasileiro anunciou que vai antecipar a meta de zerar o desmatamento ilegal de 2030 para 2028 e alcançar uma redução de 50% até 2027. 

Entretanto, assim como outras nações, o Brasil considera que os 100 bilhões de dólares, prometidos no Acordo do Clima pelos países desenvolvidos, não serão suficientes para atingir a neutralidade de carbono até 2050 em todo o planeta. 

Assim sendo, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o país defende que além da ambição nas metas climáticas, as partes deveriam também demonstrar mais ambição financeira, de forma a chegar a um trilhão de dólares em financiamentos anuais.

Dessa forma, ainda de acordo com a pasta, seria possível emplacar uma nova e real agenda verde no planeta, garantindo geração de empregos verdes e crescimento econômico.

O ainda Brasil conta com um pavilhão próprio no qual irão ocorrer diversas atividades ao longo da COP26 como debates e palestras que abordarão os mais variados temas ligados ao clima.

Qual a programação do pavilhão brasileiro na COP26?

A programação do pavilhão Brasileiro na 26ª edição da Conferência das Partes conta com apresentações híbridas, feitas a partir do estande de Glasgow na Escócia (sede da COP26), e de um espaço específico montado em Brasília.

Vale lembrar que todas as apresentações do Pavilhão Brasil estão sendo transmitidas ao vivo no canal do Ministério do Meio Ambiente no YouTube.

A programação completa do pavilhão brasileiro na COP26 pode ser acessada no portal oficial do Ministério do Meio Ambiente.

Imagens do texto: Freepik (vectorjuice)

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