Surtos recentes de infecção por um subtipo de vírus influenza A aviário, o H5N1, vem colocando todo o mundo em estado de atenção.
No dia 17 de janeiro de 2023, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) emitiu um alerta em resposta à crescente detecção de surtos de gripe aviária em aves em dez países da região das Américas e à recente confirmação do primeiro caso de infecção humana de gripe aviária A(H5) na América do Sul.
Até a primeira semana de janeiro de 2023, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Honduras, México, Panamá, Peru, Estados Unidos e Venezuela haviam detectado surtos em aves domésticas, granjas avícolas e/ou silvestres.
Contudo, os vizinhos brasileiros Argentina e Uruguai confirmaram os primeiros casos de influenza aviária em seu território, ampliando o número de países da América do Sul com registro da doença e colocando em alerta os produtores brasileiros.
Vale lembrar que o Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de carne de frango e outros produtos avícolas.
De acordo com uma declaração feita no dia 15 de fevereiro de 2023 pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, até o momento não há nenhum caso de gripe aviária em animais comerciais ou silvestres no país.
No entanto, Fávaro afirmou que “o Brasil não está livre de que a gripe aviária apareça”.
Entenda como ocorre a transmissão da gripe aviária, veja como é feito o tratamento da doença e confira o que fazer em caso de suspeita.
O que é a gripe aviária?
A gripe aviária, também conhecida como gripe das aves ou gripe do frango, é uma doença causada pelo vírus influenza em aves.
Dessa maneira, a gripe aviária é causada pelo vírus denominado influenza H5N1, que é da mesma família do vírus que provoca a gripe comum.
Quando surgiu a gripe aviária?
O vírus H5N1 de alta patogenicidade (capacidade de um agente biológico causar doença em um hospedeiro suscetível) foi isolado pela primeira vez em 1996 em gansos na província de Guangdong, no sul da China.
Desde então, o vírus está em circulação e vem chamando a atenção da comunidade científica atualmente não só pela quantidade de animais contaminados, mas por ter conseguido infectar pequenos mamíferos.
A gripe aviária pode infectar seres humanos?
Sim. A gripe aviária também pode ser transmitida para mamíferos, incluindo os seres humanos.
Vale ressaltar que a doença pode ter um alto índice de mortalidade em humanos.
Entretanto, os casos de gripe aviária entre seres humanos são ocasionais.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), até o momento, duas infecções humanas foram confirmadas na região das Américas: a primeira em abril de 2022 nos Estados Unidos e a segunda em 9 de janeiro de 2023 no Equador.
Existe o risco de pandemia de gripe aviária?
Conforme uma declaração feita em uma coletiva virtual pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, o risco de uma pandemia causada pelo H5N1 é baixo.
No entanto, Tedros afirma que é importante que a comunidade internacional esteja atenta à possibilidade de infecção de mamíferos e preparada para uma possível pandemia.
Como a gripe aviária é transmitida?
O vírus da gripe aviária é transmitido pela ingestão ou inalação do vírus presente nas fezes e secreções (corrimento nasal, espirro, tosse) das aves infectadas.
Todavia, também pode ser transmitido de pessoa para pessoa por gotículas respiratórias no ar (tosse ou espirro).
Contudo, a maioria dos casos de infecções humanas por gripe aviária se deve ao contato com aves infectadas ou superfícies contaminadas com o excremento delas.
Vale frisar que uma quantidade significativa de vírus é eliminada nas fezes das aves, contaminando a terra e o esterco. Após a infecção, as galinhas eliminam o vírus nas fezes por cerca de 10 dias e as aves silvestres por cerca de 30 dias.
Por essa razão, as aves migratórias doentes podem contaminar criações comerciais ao passar voando por cima desses locais ou aterrissar e excretar, por exemplo, nos equipamentos da fazenda, fazendo com que a doença possa, até mesmo, se espalhar facilmente de uma granja para outra.
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Quais são os principais fatores de risco da gripe aviária?
Entre os principais fatores de risco da gripe aviária, destacam-se:
- contato próximo com aves infectadas;
- viagem recente a um país no qual se relataram casos de infecção pelo vírus H5N1;
- ingerir terra ou esterco contaminados;
- exposição ambiental ao respirar sem a proteção de máscaras no mesmo ambiente onde haja animais doentes;
- consumir água dos mesmos reservatórios, como lagos e bebedouros, contaminados pelas fezes de aves selvagens infectadas;
- contato com ração, água, casca dos ovos, penas, equipamentos, veículos e roupas contaminadas;
- contato próximo com humanos infectados.
Quem corre risco de contrair a gripe aviária?
Conforme esclarece a OPAS, as pessoas em risco são aquelas expostas a aves infectadas, sejam elas domésticas, silvestres ou de cativeiro, tais como criadores de aves e pessoal envolvido no controle de surtos.
Desse modo, os surtos de doença causados por esse vírus representam grave risco para a saúde dos trabalhadores de granjas, abatedouros e aviários, tendo em vista o nível maior de exposição desses profissionais.
Além do mais, os profissionais da saúde também estão em risco de infecção se não forem observadas medidas adequadas de prevenção e controle.
É importante frisar que a OPAS recomenda o uso de equipamentos de proteção individual e outras medidas de higiene e saneamento.
Ademais, imunodeprimidos, maiores de 60 anos e portadores de doenças crônicas cardíacas ou pulmonares, têm alto risco de complicações da influenza aviária e, portanto, devem evitar trabalhar com aves, em caso de surto.
Quais são os sintomas da gripe aviária?
Os sintomas são semelhantes aos de uma gripe comum. Veja a seguir como a doença se manifesta em aves e seres humanos.
Sintomas da gripe aviária nas aves
Nas aves os sintomas ocorrem problemas respiratórios como:
- tosse;
- espirros;
- corrimento nasal;
- fraqueza;
- falta de ar;
- pneumonia;
- falta de apetite;
- diarréia;
- sede excessiva.
Nas manifestações mais graves da doença, que são altamente contagiosas e com alta probabilidade de mortalidade, podem ainda se manifestar os seguintes sintomas:
- início súbito;
- dificuldade de locomoção;
- presença de edema (inchaço) na crista, barbela, articulações e pernas;
- hemorragia nos músculos;
- diminuição e alterações na produção de ovos (casca mais fina);
- morte rápida e repentina, às vezes sem manifestação de qualquer sintoma clínico.
Sintomas da gripe aviária nos seres humanos
- tosse;
- espirros;
- dor de cabeça;
- nariz escorrendo;
- mal-estar;
- febre alta;
- dor no corpo;
- problemas respiratórios, como falta de ar ou dificuldade para respirar;
- conjuntivite;
- ressecamento da garganta;
- outros sintomas semelhantes ao da gripe comum.
Enfim, tendo em vista que os sintomas são semelhantes ao da gripe comum, é recomendado procurar o serviço de saúde de sua cidade, pois apenas o médico está apto a fornecer um diagnóstico preciso quanto a detecção da influenza e a identificação do tipo de vírus.
Como é feito o tratamento da gripe aviária?
O tratamento para aves com a gripe aviária ainda não existe.
Por ser uma doença de grande poder de transmissão, os animais infectados ou que tiveram contato com os animais doentes, infelizmente, têm de ser sacrificados.
No caso dos seres humanos, a gripe aviária tem cura.
O tratamento é baseado no uso de analgésicos para dor, antitérmicos para controlar a febre e remédios para náuseas, nos casos em que o indivíduo apresenta vômitos.
Por conseguinte, a depender da situação, o médico pode ainda recomendar o uso de antivirais ou a administração de soro diretamente na veia para hidratação.
Além do supracitado, são recomendadas medidas de controle de infecção, como isolamento do paciente e precauções padrão contra transmissão por gotículas e pelo ar.
Vale destacar que apesar de ter cura, quando essa doença atinge os humanos, os quadros costumam ser casos graves e requerem atendimento rápido em um hospital.
O que fazer em caso de suspeita de gripe aviária?
Todas as pessoas expostas a aves infectadas ou a fazendas sob suspeita devem ser monitoradas pelas autoridades sanitárias locais.
Sendo assim, em caso de suspeita da doença é recomendado procurar um médico e, caso se confirme o diagnóstico, informar a Vigilância Sanitária e o Centro de Vigilância Epidemiológica.
Imagem em destaque: Freepik (tawatchai07)
