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Gordofobia: combata esse preconceito

Saiba o que caracteriza a gordofobia e veja quais são as medidas legais que podem ser acionadas pelas vítimas desse tipo de agressão.

26 de outubro de 2022 - Atualizado 26/10/2022

De acordo com o Ministério da Saúde, uma em cada cinco pessoas está com sobrepeso ou obesidade no Brasil e, mesmo assim, a sociedade parece se manter despreparada para entender e acolher pessoas gordas. 

Conforme apontam dados de uma pesquisa sobre obesidade e gordofobia realizada pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) em parceria com a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), 85% das pessoas obesas já sentiram algum constrangimento por conta do seu peso. 

​​Esse cenário é reflexo de um problema estrutural que precisa ser combatido com políticas públicas, conscientização social e busca por ações efetivas que quebrem o ciclo de violência com os corpos gordos.

Diante disso, entenda o que caracteriza a gordofobia e saiba quais são os mecanismos legais para defender desse tipo de preconceito.

O que caracteriza a gordofobia?

A gordofobia se caracteriza pela aversão e preconceito por pessoas que estão acima do peso, fazendo com que se sintam inferiores, desprezíveis e repugnantes por estarem fora do padrão considerado normal e “saudável” pela sociedade e pela medicina.

Diante disso, é possível destacar algumas características que indicam a gordofobia, entre elas: tratar mal, desmerecer ou fazer a pessoa acima do peso se sentir inferiorizada.

Quais são as consequências da gordofobia?

Antes de mais nada, é preciso compreender que a gordofobia está presente em diversas esferas da sociedade, estruturando todo um conjunto de ações que excluem, segregam e inviabilizam o corpo gordo.

Ou seja, o sofrimento vivido por uma pessoa gorda vai além de xingamentos e maus tratos, sendo possível identificar a exclusão desses indivíduos pelas marcas de roupas que vão até o tamanho 42, nos transportes públicos apertados, em assentos de cinema, teatros e restaurantes, entre outros constrangimentos que as impedem de agir de maneira confortável e natural nos espaços públicos e privados.

Além disso, a vítima da gordofobia pode desenvolver transtornos como a compulsão alimentar, a bulimia, a anorexia ou a recém conhecida vigorexia, que consiste na obsessão pelo padrão de vida fitness.

Qual a diferença entre gordofobia e pressão estética?

A pressão estética pode atingir qualquer pessoa e está relacionado à pressão social para que as pessoas se adequem, a todo custo, aos padrões de beleza estipulados pela sociedade, pela mídia ou pela moda, todos sempre inalcançáveis.

Já a gordofobia é uma opressão estrutural que se baseia na aversão ao corpo gordo, que trata a gordura como sinônimo de desleixo e exclui esse indivíduo, gerando constrangimento em atividades que deveriam ser um direito de todos. 

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Quais são os fatores que podem interferir no peso das pessoas?

Existem diversos fatores que podem contribuir para que uma pessoa esteja acima do seu peso ideal que vão além da alimentação desequilibrada e da falta de uma rotina de atividades físicas.

Conheça alguns dos motivos que podem resultar no ganho de peso ou na dificuldade de perdê-lo:

  • hormônios – problemas em glândulas como por exemplo a tireoide podem desacelerar o metabolismo, o que, consequentemente, aumenta as chances de ganho de peso;
  • genética – como qualquer outra característica, o sobrepeso e a obesidade podem ser resultantes de uma herança genética;
  • qualidade do sono – a privação do sono gera, além de outros malefícios, uma queda em hormônios importantes que regulam a saciedade, estando diretamente ligada à obesidade;
  • condições socioeconômicas e estilo de vida – apesar de ser uma questão complexa, os produtos processados e ultraprocessados, que contêm mais açúcares e componentes industrializados, tendem a ser mais práticos e mais econômicos na atualidade, tornando esses alimentos muito mais presentes na rotina alimentar de muitas famílias que, com o ritmo de vida cada vez mais acelerado, acabam por optar pelo que é mais fácil, rápido e, dependendo da condição socioeconômica, mais barato;
  • medicamentos – antidepressivos, anti-histamínicos, antipsicóticos são exemplos de alguns remédios que possuem componentes que induzem à obesidade e que dificultam a perda de peso.

Gordofobia é crime?

Não. Ainda não existe no Brasil uma lei que se refira exatamente às ofensas contra pessoas gordas.

Contudo, esse tipo de situação pode ser enquadrada como injúria e danos morais, que são crimes da esfera criminal e cível, respectivamente.

O que fazer caso tenha sido vítima de gordofobia?

Caso você seja vítima de gordofobia, é de suma importância, assim que identificar a violência, analisar se processará o agressor na esfera criminal ou cível, a depender da agressão sofrida.

Assim, no caso da indenização por danos morais, a vítima será reparada financeiramente pelo agressor. Para isso, é preciso explicar a situação que você sofreu e porque a pessoa tem que te indenizar.

Já em situações de injúria, será necessário fazer um Boletim de Ocorrência (B.O.).

No entanto, para denunciar e processar em qualquer uma dessas opções, é preciso juntar todas as provas do ocorrido e buscar um advogado especializado para te orientar durante todas as etapas.

Vale destacar que a penalização varia de acordo com o crime enquadrado, que podem corresponder de multas a detenção.

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Imagem: Freepik (pch.vector)

Atitudes gordofóbicas: veja como evitá-las

Atitudes gordofóbicas são muito mais presentes no nosso dia a dia do que imaginamos. 

Isso porque, com a ausência de uma lei que regule esse tipo de preconceito e com a constante presença de stand-ups, programas de TV e filmes que fazem piadas com a questão do sobrepeso, é comum propagarmos comentários que, sem perceber, ofendem todo um grupo de pessoas.

Confira, algumas dicas para não espalhar atitudes ofensivas acerca desse tema:

  • não use a característica física para identificar uma pessoa;
  • não presuma que uma pessoa gorda é alguém que tenta emagrecer e está fracassando;
  • evite relacionar a beleza ao processo de emagrecimento de alguém, nem sempre esse processo está relacionado a saúde e bem-estar;
  • evite termos como “fofinho”, “gordinho” ou “maiorzinho”;
  • não pressuponha limitações dos corpos gordos;
  • “gordice”, “acima do peso” e “bonita de rosto” são expressões gordo fóbicas, não as utilize;
  • não faça piadas nem ridicularize alguém pelas suas características físicas.

Imagem em destaque: Freepik (Anastasia Kazakova)

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