Saiba mais sobre a CoronaVac e a estratégia do processo de vacinação em SP.
O número de casos de coronavírus no país já ultrapassa a marca de seis milhões, sendo que, segundo dados oficiais, mais de um milhão e trezentos mil infectados são referentes à cidade de São Paulo.
Porém, em meio a tantas notícias negativas, as tão aguardadas vacinas contra o Sars-CoV-2 começam a se tornar realidade.
Essa é, sem dúvidas, uma notícia que impacta a vida de toda a humanidade, visto que, diversas vacinas diferentes vêm sendo produzidas em todo mundo, inclusive no Brasil.
Nesse sentido, destaca-se a criação de uma parceria inédita entre o Instituto Butantan (ligado ao Governo do Estado de São Paulo) e a farmacêutica chinesa Sinovac Life Science (do grupo Sinovac Biotech), prevendo a produção da CoronaVac.
Compreenda os detalhes acerca da produção dessa vacina e seu processo de aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), vinculada ao Ministério da Saúde.
CoronaVac e Butantan
A CoronoVac é uma das vacinas que pretende atuar como imunizante do novo coronavírus. Está sendo desenvolvida no Brasil pela empresa chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.
O acordo aprovado em 11 de junho prevê a compra de 46 milhões de doses e a transferência de tecnologia para o Butantan.
Além do Brasil, essa vacina já é aplicada na China e países como Indonésia, Turquia e Chile devem iniciar a aplicação entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021.
Como funciona a CoronaVac?
Segundo o site do governo estadual, a CoronaVac é produzida com vírus inativados do novo coronavírus (Sars-CoV-2) para inoculação em humanos.
Entenda as etapas até chegar na aplicação.
- O vírus é isolado em laboratório.
- Os cientistas infectam células com o vírus para que ele se multiplique.
- Os vírus são coletados e inativados por meio de procedimentos químicos para não causarem infecção.
- É adicionada uma substância denominada “adjuvante” aos vírus inativados e purificados para formular a vacina.
- A vacina é aplicada em duas doses para induzir a produção de anticorpos por parte do sistema imunológico.
Quando CoronaVac será aprovada?
Para produzir e distribuir uma nova vacina é preciso seguir um protocolo dividido em etapas.
Prova de conceito – pretende comprovar o efeito da vacina sobre determinada doença.
Estudo pré-clínico – realizado em animais, são avaliados o efeito da vacina e todos os quesitos de segurança para a saúde. Tudo é feito de acordo com as Boas Práticas de Laboratório (BPL) e com acompanhamento do da Anvisa.
Estudo clínico – com a devida autorização da Anvisa, iniciam-se os estudos clínicos em seres humanos.
Fase 1 – testa-se a segurança do medicamento, levando em conta as reações que as substâncias podem causar no organismo em um pequeno grupo de pessoas.
Fase 2 – os testes são muito semelhantes ao anterior, porém o grupo testado é maior.
Fase 3 – o grupo de teste é ampliado para a avaliação da eficácia.
A partir de então, inicia-se o processo de registro do produto na Anvisa, que implica em:
- avaliação do processo produtivo;
- certificação da fábrica e do produto;
- resultado de eficácia.
Existem outras vacinas que podem chegar ao Brasil, como a vacina de Oxford?
O Brasil vem flertando com a possibilidade de adquirir outras vacinas que vêm sendo testadas no mundo.
Nesse sentido, o Governo Federal firmou um acordo com a empresa AstraZeneca para aquisição de 100 milhões de doses de uma vacina desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford.
Esse acordo também prevê a transferência de tecnologia para a produção do imunizante pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Porém, até o momento, o Ministério da Saúde ainda não assinou contrato para compra efetiva de nenhuma outra vacina.
Plano preliminar de vacinação contra a covid-19 no Brasil
No início de dezembro, o Ministério da Saúde divulgou um documento em que apresenta, sem informar datas, o plano preliminar de vacinação contra a covid-19 em território nacional.
Nele, são apresentadas quatro fases que os estados, quando iniciarem as campanhas de imunização, deverão seguir:
Primeira fase – serão imunizados trabalhadores da saúde, população idosa com mais de 75 anos, pessoas com 60 anos ou mais que vivem em asilos ou instituições psiquiátricas e população indígena.
Segunda fase – pessoas de 60 a 74 anos.
Terceira fase – prioriza pessoas com comorbidades que apresentam maior chance de agravamento da doença, como as que têm doenças renais crônicas e cardiovasculares.
Quarta fase – deve abranger professores, forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional e detentos.
PEI – Plano estadual de imunização de São Paulo.
Apesar de a CoronaVac ainda não ter sido regulamentada e aprovada, o Governo de São Paulo já anunciou a estratégia para a 1ª fase de aplicação.
Nesse momento, a campanha será voltada para pessoas com 60 anos ou mais, trabalhadores da saúde, indígenas e quilombolas. Esses grupos juntos representam cerca de 9 milhões de pessoas.
Também foi divulgado um cronograma prevendo que essa primeira etapa comece em janeiro e se estenda até março de 2021. Serão nove semanas e duas doses por pessoa, que devem seguir a escala por faixa etária.
Em que locais será aplicada a CoronaVac?
Além disso, a proposta é ampliar os locais de vacinação utilizando, além dos 5.200 postos já existentes, espaços como escolas, quartéis, estações e terminais de transporte público, farmácias e sistema drive-thru.
Para garantir a imunização desse primeiro grupo, estão previstas 18 milhões de doses da vacina envolvendo uma logística de transporte, armazenamento, segurança e recursos humanos.
Afinal, o que falta para iniciar a vacinação?
De acordo o Instituto Butantan, a CoronaVac está na fase final de ensaios clínicos e é considerada uma das mais promissoras em todo o mundo.
Todavia, os testes de eficácia da vacina ainda não foram concluídos. A expectativa é de que, até o dia 23 de dezembro, esse processo seja finalizado e o Instituto Butantan entregue os resultados à Anvisa.
Após esse processo, o imunizante deverá ser submetido à aprovação da agência que, entre outras análises, avalia questões específicas da produção nacional e da aplicação nos brasileiros como:
- eficácia e segurança nos brasileiros;
- condições técnicas e operacionais da fábrica da vacina que virá para o Brasil;
- prazos de validade;
- medidas de qualidade para armazenamento;
- medidas de acompanhamento em pacientes que apresentarem efeitos colaterais.
Com a aprovação, a expectativa é de viabilizar:
- 6 milhões de doses em frascos unidose produzidos na China;
- 40 milhões de doses em frascos multidoses produzidos no Butantan;
- 15 milhões de doses adicionais em frascos multidoses até fevereiro de 2021;
- 40 milhões de doses adicionais até maio de 2021, na dependência de manifestação de interesse, produzidos no Butantan.
Entretanto, enquanto a campanha de vacinação contra a covid-19 não se inicia, é importante continuarmos seguindo todos os protocolos de segurança recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde do Brasil.
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